terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Estudo liga uso de games a depressão, ansiedade e problemas de relacionamento

Pode haver problemas por trás dos olhares fixos da garotada que dedica tempo e energia demais aos videogames. Uma pesquisa feita na Ásia com 3.000 crianças em idade escolar indicou que uma em cada dez era "viciada" em games.

Segundo os pesquisadores, apesar de as crianças já apresentarem problemas comportamentais, o uso excessivo de videogames aparentemente agravou os distúrbios. De acordo com Douglas Gentile, diretor do laboratório de pesquisa de mídia da Universidade do Estado de Iowa, "quando as crianças se viciam, depressão, ansiedade e fobias sociais se agravam".

– Quando elas conseguem superar o vício, esses problemas melhoram.

Ele diz que nem os pais nem os serviços de saúde estão prestando atenção suficiente nos efeitos dos videogames sobre a saúde mental das crianças.

– Tendemos a abordá-los como entretenimento, como apenas um jogo, e a esquecer que o entretenimento também nos afeta. De fato, se não nos afeta, o definimos como "entediante".

No levantamento, as crianças disseram que jogavam videogame, em média, por 20 horas por semana. Entre 9% e 12% dos meninos foram considerados como viciados pela pesquisa, contra 3% a 5% no caso das meninas.

Apesar de os pesquisadores não terem definido um percentual de crianças que sofrem com esses distúrbios mentais, eles encontraram evidências que relacionam o número de horas jogadas a um comportamento impulsivo e problemas de relacionamento social.
Mas um especialista independente afirmou que existem sérios defeitos na pesquisa. Mark Griffiths, diretor do Centro de Pesquisas sobre Games da Universidade Nottingham Trent, no Reino Unido, diz que "pesquisas demonstraram que jogar videogames excessivamente não constitui necessariamente vício e que muitos usuários podem jogar por longos períodos sem que sofram quaisquer efeitos adversos".

– Se 9% das crianças fossem realmente viciadas em videogames, haveria clínicas para o tratamento disso em toda cidade grande.

...Parte do problema, ele diz, é que o novo estudo pode ter medido interesse e não vício.

Copyright Thomson Reuters 2011
http://noticias.r7.com/saude/noticias/estudo-liga-uso-de-games-a-depressao-ansiedade-e-problemas-de-relacionamento-20110117.html

sábado, 15 de janeiro de 2011

Temporada brasileira de Amy Winehouse reabre debate sobre dependência química

Complexa, única, genial. Desde o início da carreira já dava para perceber que Amy Winehouse não usava aquele cabelo à toa. Em sete anos ela vendeu 40 milhões de discos, fez algumas trapalhadas, terminou e voltou algumas vezes com Blake Fielder-Civil, contrariou seu maior sucesso e foi, sim, para uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. Após dois anos sem fazer shows, ela veio recomeçar no Brasil e o público aplaudiu de pé. Mas, ao que tudo indica, a cantora ainda está longe da recuperação. Por quê?

— Mudar é difícil para todos nós. A diferença é que a droga perverte o sistema motivacional (formado por valores e princípios) a ponto de o dependente químico procurar o que o destrói. E o desejo é tão intenso que o dependente vai no impulso, sem pensar duas vezes — explica a psiquiatra Analice Giglioti, chefe do setor de Dependência Química da Santa Casa de Misericórdia do Rio e consultora da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas.


Não é possível analisar a fundo o caso de Amy, mas, em sua passagem pelo Rio, ela foi flagrada tomando champanhe na piscina do hotel e, no primeiro show no Rio, virou uma garrafa de cerveja num gole só: um comportamento incompatível para quem quer se livrar das drogas.


— Por mais que isso seja assunto e parte do glamour de Amy, beber sete garrafas de Veuve Clicquot não é tratar de dependência química — condena.

Vício fez da cantora uma caricatura de si própria

O médico Ronaldo Laranjeira, professor titular de psiquiatria da Universidade de São Paulo (Unifesp), acredita que o meio onde a cantora circula não sinaliza para ela sua própria deterioração:

— Em uma sequência de fotos desde o início da carreira, dá para ver o quanto ela se deteriorou fisicamente, é quase uma caricatura de si mesma — lamenta. — Mas, se os amigos usam drogas e ela pertence a uma rede social que compartilha os mesmos valores, pode não se dar conta.

Diretor da Associação Americana de Psiquiatras, Jorge Jaber lista as quatro áreas alteradas pelo transtorno: raciocínio e memória (o doente muitas vezes não lembra de seguir o tratamento); sentimentos (a pessoa parece insensível, com dificuldade de ver os danos que causa e sem capacidade de estabelecer metas abstêmias a longo prazo); pensamento (que compromete a avaliação da realidade); e comportamento (responsável pela agressividade).

— Esse doente precisa estar em permanente contato com uma cultura de saúde, mas, com a arrogância gerada pela doença, ele tem dificuldade para aceitar o tratamento — explica. — Só que a dependência química é uma doença crônica como o diabetes: não tem cura, tem controle.

Segundo a médica Camila Magalhães Silveira, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), algumas drogas têm mais poder de dependência que outras: uma em cada oito pessoas que experimenta álcool se torna dependente. Com o crack, associado à Amy (em 2008 o tablóide britânico “The Sun” exibiu um vídeo em que a cantora parecia estar fumando a droga), uma em cada duas ou três pessoas que experimenta fica viciada.

— A droga trabalha no circuito de recompensa do cérebro, então a experiência é lembrada como prazerosa — explica. — Como o efeito é muito forte e efêmero, os dependentes repetem o processo muitas vezes durante o uso e há um desgaste físico e mental muito grande, que tem como consequência irritabilidade e prejuízo de memória.

Lesões cerebrais podem ser permanentes

A pior notícia é que as lesões cerebrais causadas pelas drogas são permanentes e podem alterar as habilidades artísticas, como cantar. A médica cita o psiquiatra Sérgio Nicastri, do Hospital Israelita Albert Einstein, que, através do exame de ressonância magnética funcional, observou o fluxo sanguíneo cerebral em indivíduos que usam cocaína e crack. Danos neuroniais impediram que o sangue chegasse às partes afetadas pelas drogas.

— As lesões são menos importantes que o comportamento porque o cérebro pode compensar as perdas se houver abstinência — pondera Camila. — Mas o paciente tem que saber que o tratamento é constante.

Viviane Nogueira
http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/temporada-brasileira-de-amy-winehouse-reabre-debate-sobre-dependencia-quimica-872611.html

domingo, 9 de janeiro de 2011

Por que Enfermagem Psiquiátrica?

Mas... Por que não?

Conversando com uma colega outro dia, ela me perguntou isso, por que Psiquiatria?

Penso que o importante talvez não seja como chegamos a determinado lugar, mas o que te faz permanecer ali. Não sei se escolhi a Psiquiatria ou se fui escolhida por ela, o que sei é que foi amor a primeira vista. Achei fascinante, desafiador e diferente de tudo o que tinha aprendido na faculdade até aquele momento.

A Enfermagem Psiquiátrica, é uma especialidade com nome e sobrenome - Enfermagem Psiquiátrica (nome) e Saúde Mental (sobrenome). E seu nome já diz muito: ao mesmo tempo em que é algo que não queremos, é tudo de que precisamos. Se considerarmos a Enfermagem Psiquiátrica como relacionada aos distúrbios e à desorganização em si, realmente não queremos isso. Já a Saúde Mental é o que precisamos para seguir em frente. Não queremos a doença, mas precisamos de saúde mental SEMPRE!

As pessoas perguntam – Mas esse paciente... Ele não melhora nunca, ele não tem cura, você não se cansa disso?

O paciente psiquiátrico é um capítulo a parte. Ele é vítima e algoz, agressor e agredido, médico e monstro... Ao mesmo tempo em que reflete em si suas facetas, nos mobiliza em nossas ações e reações. E é assim mesmo – uma loucura – e sem trocadilhos, uma relação ímpar, de DESCOBERTA - do outro e de nós mesmos, uma relação de SUPERAÇÃO – dos nossos limites, preconceitos e competências. Competências estas que muitas vezes encontram-se adormecidas dentro de nós.

Mas e a pergunta que não quer calar? Por que Enfermagem Psiquiátrica? Porque trata-se de SUPERAÇÃO e DESCOBERTA... SEMPRE!!!

Então, é isso. Sempre que possível tentarei escrever aqui. No Twitter e no Facebook vocês seguirão informados sobre tudo de interessante que eu encontrar a considerar interessante na net.

Cláudia Polubriaginof
Twitter @cpolubriaginof ou @enfpsiquiatrica ou os dois - rsrsrs
http://www.enfermagempsiquiatrica.com.br/

Curso - Dependência química para Enfermeiros

Temas abordados:
# Conceitos básicos em Dependência química
# Dependência de álcool, cocaína e crack – manejo do paciente na intoxicação e abstinência
# Perfil do dependente, co-dependência e os 12 passos

Carga horária: 12 horas

Data: 19 e 20 de fevereiro de 2011

Investimento:
Até 20/01/2011 - R$ 80,00
De 21/01/2011 a 16/02/2011 - R$ 90,00

Informações:
11 2601 3608 ou 2865 3286
http://www.enfermagempsiquiatrica.com.br/page_6.html

Doença mental é a que mais afeta o trabalho no Brasil, revela estudo

As doenças mentais são responsáveis por cinco das dez principais causas de afastamento do trabalho no País -- sendo a primeira delas a depressão --, o que representa um gasto de R$ 2,2 bilhões por ano, o equivalente a 19% dos custos com auxílios-doença pagos pela Previdência Social a um universo de 1,5 milhão de pessoas. Os números aparecem num levantamento sobre a infra-estrutura dos serviços de saúde mental no Brasil feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo foi divulgado nesta terça-feira (20) no seminário Ação Global para o Aprimoramento Mundial da Saúde Mental, parte de uma iniciativa da publicação científica inglesa "The Lancet", que neste mês compilou uma série de artigos sobre saúde mental e seus impactos em vários países, entre eles o Brasil.

“As doenças mentais são as que mais incapacitam as pessoas e os gastos com a assistência representam apenas 2% do orçamento do Ministério da Saúde. Observamos um grande descompasso entre o impacto das doenças e o investimento no cuidado com elas”, afirma o psiquiatra Jair Mari, professor da Unifesp e responsável pela pesquisa. Ele enumera os problemas: depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, abuso de álcool e episódios de violência, que podem estar relacionados com várias patologias.

Sem diagnóstico precoce, sem acompanhamento adequado, essas pessoas aparecem na rede quando já estão totalmente incapacitadas e as doenças atingiram um estágio crônico. “Para lidarmos com tudo isso, o relatório aponta para a necessidade de essa fatia do orçamento aumentar para cerca de 5%, para conseguirmos melhorar a rede de atendimento, principalmente a atenção primária, que pode ser feita em parceira com as equipes do Programa Saúde da Família, que precisam ser treinadas”, completa.

Esse é justamente um dos principais desafios apontados pelo estudo: apesar de a rede estar aumentando, ainda não há locais suficientes para assistência a portadores de transtornos mentais. A oferta cresceu depois do início da reforma psiquiátrica, que prevê a desativação dos antigos manicômios por centros de atendimento psicossocial, chamados Caps, e por leitos de internação em hospitais gerais.

Outro problema é a distribuição desigual tanto dos serviços quanto dos especialistas: somente em São Paulo, há quase o dobro dos psiquiatras de todo o restante do País. Atualmente, existem 5,2 mil psiquiatras em exercício no Brasil, uma média de 2,83 profissionais para cada 10 mil habitantes. Na América Latina, são 4,66 profissionais para cada 10 mil habitantes.

As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL185877-5603,00-DOENCA+MENTAL+E+A+QUE+MAIS+AFETA+O+TRABALHO+NO+BRASIL+REVEL+ESTUDO.html

Depressão influencia desejo sexual feminino

A depressão é uma das condições mais deletérias na vida de uma pessoa, e muito difícil de enfrentar. As pesquisas sobre saúde mental mostram que mais mulheres sofrem de estados depressivos do que homens.

A depressão produz alguns aspectos que influenciam muito a sexualidade. Quando se está deprimido não se percebe o mundo através dos cinco sentidos da mesma forma. Sob a depressão percebe-se a diminuição do desejo, um desinteresse pela vida, as cores ficam esmaecidas, não achamos que as coisas são tão bonitas ou que tragam prazeres. As sensações táteis, tão importantes para a vida sexual e para o prazer erótico, ficam enfraquecidas, não tem a mesma importância que em outras oportunidades.

Sob depressão pensamos de modo errado, negativo. Achamos que não valemos a pena, não consideramos que o mundo e as outras pessoas são válidas e não existe um futuro que possa ser bom.

Sob estas circunstâncias o desejo sexual fica alterado. São duas formas viáveis de se exercer o desejo sexual.

A primeira é a mais reconhecida: usamos o pensamento para nos conduzir para percepções eróticas. Usamos idéias, fantasias, lembranças que já sabemos nos erotizam e isso fortalece nossa ações sexuais.

A segunda forma exige a disponibilidade inicial de estarmos na situação de possível entrosamento. Então a estimulação sobre os cinco sentidos produz o desejo e a motivação para dar continuidade ao contato erótico.

Então, como se nota, as duas formas de expressão do desejo sexual podem ser comprometidas quando existe um quadro depressivo.

O desejo sexual ainda será comprometido por mais um fator. A depressão afasta as pessoas dos contatos interpessoais, faz com que elas desejem ficar quietas, em casa, paradas. Não têm vontade de conversar, de realizar atividades físicas. E o que é o sexo se não uma atividade física, a dois.

Mesmo quando alguém deprimido faz sexo, o prazer será comprometido de tal forma que não haverá um registro de que a atividade sexual valeu a pena. Isto favorece a piora do desejo sexual. A depressão não permite desejo sexual, e ainda dificulta mais a vivência de sexo.

Oswaldo M. Rodrigues Jr - psicólogo do Instituto Paulista de Sexualidade
http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--34-20110107&tit=depressao+influencia+desejo+sexual+feminino

SP cria fórum para discutir soropositivos com transtornos mentais

Por intermédio do Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS, a Secretaria de Estado da Saúde disponibilizará aos profissionais de saúde de todo o Estado um canal de comunicação para a troca de experiências e ampliação de conhecimentos de casos envolvendo portadores de HIV com algum tipo de transtorno mental.

O projeto, que abrirá espaço para as discussões de casos considerados de difícil resolução ou situações complexas, entra em operação a partir deste mês e contará com o apoio de uma equipe multidisciplinar.

Para participar do serviço, é necessário que o profissional de saúde envie uma descrição básica do caso, contendo as iniciais do paciente, idade, sexo e orientação sexual."Também deve encaminhar a queixa principal, breve histórico do paciente, condutas e estratégias terapêuticas adotadas - atendimento individual, grupo e família -, principais questões em relação ao caso, dúvidas e estratégias a serem adotadas", orienta o psicólogo Ricardo Barbosa Martins, coordenador de Saúde Mental do CRT-DST/Aids.

O e-mail para a discussão de casos é o saudemental@crt.saude.sp.gov.br. O conteúdo encaminhado terá acesso restrito para manutenção do sigilo e da ética profissional.

Ray Macedo Fonte:Secretaria da Saúde
http://cotianoticias.com.br/index.php?q=node/1561

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Distúrbios alimentares aumentam entre as crianças


Foto: Natalia Cuminale
Durante o crescimento, crianças apresentam diversos comportamentos em relação à alimentação. Algumas têm paladar seletivo, evitam alimentos considerados saudáveis. Outras dizem não ter fome, pulam refeições e fogem de uma garfada. Em geral, os pais não precisam se preocupar com características como essas – é só uma fase, que desaparece conforme a idade avança. O problema ocorre quando esses comportamentos se tornam exagerados e vêm acompanhados de outros sinais, como a exigência de dietas restritas demais, repetidas visitas ao banheiro no meio das refeições ou perda de peso evidente. Nesse caso, é preciso levar a hipótese de distúrbio alimentar ao consultório do pediatra.

Até recentemente, os diagnósticos de bulimia e anorexia ocorriam, em geral, na adolescência. O dado alarmante, divulgado na edição de dezembro da revista da Academia Americana de Pediatria, é a incidência crescente do problema entre crianças e pré-adolescentes. Segundo o estudo, as internações entre menores de 12 anos cresceram 119% nos Estados Unidos, entre 1999 e 2006. No Brasil, faltam estudos epidemiológicos específicos, mas, na prática clínica, a tendência se repete. “Observamos que a idade de início dos transtornos diminui. Atualmente, já vemos meninas com anorexia com idades entre 10 e 11 anos”, diz Mara Maranhão, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Ninguém sabe ao certo porque isso está acontecendo. Só temos dados dos Estados Unidos, mas meus colegas de outros países relataram que estão atendendo pacientes mais novos também”, diz o pediatra americano David S. Rosen. Duas hipóteses são levantadas por ele: ou médicos aprimoraram seus métodos de diagnóstico, ou o combate à obesidade começa a apresentar efeitos colaterais indesejados. “O medo do sobrepeso e da obesidade pode influenciar distúrbios alimentares nas crianças. A atenção dada ao peso e à dieta pode ter uma consequência indesejável para algumas pessoas, que passam a fazer dietas exageradas, criam restrições alimentares pouco saudáveis e perdem peso demais”, explica Rosen.

A relação entre combate à obesidade e o desenvolvimento de distúrbios alimentares também é comprovada pela observação clínica. “O ganho de peso entre crianças e adolescentes é uma tendência mundial. Sabemos que entre os diversos fatores de risco para o transtorno alimentar, encontra-se o problema com peso na infância e adolescência”, diz Tatiana Moya, especialista em psiquiatria da infância e adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Na unidade de endocrinologia pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, aumentou a frequência de pacientes obesos que passam a ter bulimia. "Devemos refletir se, no combate à obesidade, as mensagens não se tornaram fortes demais”, diz Durval Damiani, chefe da unidade.

É importante lembrar que bulimia e anorexia são doenças desencadeadas pela combinação de vários fatores. “É errado, como fazem alguns, culpar apenas a insistência em um certo padrão de beleza exibido na publicidade ou na televisão. Fatores como personalidade, relações familiares, interação social e os meios de comunicação têm o seu papel. Mas os transtornos alimentares são muito mais prováveis em algumas pessoas do que em outras. O histórico familiar de é um grande fator de risco. E há evidências cada vez mais fortes de que a genética tem um papel crucial”, diz Rosen.

Riscos e tratamento – Um distúrbio alimentar pode trazer graves consequências para o desenvolvimento de uma criança. A falta de uma alimentação correta traz desde prejuízos cognitivos até distúrbios de crescimento. Anorexia e bulimia podem provocar queda de cabelo, anemia, problemas renais, estomacais, cardíacos, entre outros. “Quanto mais tempo uma criança tiver o distúrbio alimentar, mais complicações médicas devem aparecer. Algumas são reversíveis, outras não. Atraso no crescimento e problemas nos ossos podem ser permanentes", diz Rosen. "Há ainda uma pequena, porém, significante taxa de mortalidade em caso de distúrbios alimentares não tratados.”

Pais e médicos costumam perceber que há um problema desse tipo com crianças quando os sintomas já estão avançados. “Às vezes, as crianças apresentam um distúrbio mais leve, sem os sintomas pesados encontrados no adulto. É mais difícil de fechar o diagnóstico", afirma Mara.

Foi esse o caso de Juliana. Aos 13 anos, ela passou a criar um critério para excluir alguns alimentos do cardápio. Começou pela carne, com o argumento de que não era saudável. A segunda restrição foi para a massa. Já sem o macarrão e o bife, outros alimentos vieram na sequência. Comia só o arroz em vez de misturar com o feijão. Depois de diminuir a quantidade das porções, ela passou a evitar refeições, com desculpas das mais variadas. A rotina de privação fez com que Juliana perdesse entre um e dois quilos por mês - quase dez quilos no total. Hoje, aos 15, a estudante tem o Índice de Massa Corporal (IMC) próximo a 13 (o normal é entre 20 e 25) e o diagnóstico de anorexia nervosa.

O professor Paulo, que é pai de Juliana, só percebeu que sua filha estava doente depois da perda acentuada de peso. Levou-a ao pediatra, que deu um prazo de dois meses para que a estudante voltasse a ganhar os seis quilos que havia perdido. Não houve progresso, e ela foi encaminhada ao psiquiatra. “Ela prometia ao médico que ia voltar a comer, mas não adiantava nada. Hoje, ela frequenta o Centro de Atenção Psicossocial (CAPs). Só sai de lá depois de fazer uma refeição”, diz o pai, que teme que a filha possa ser internada por não responder ao tratamento.

O tratamento dos distúrbios alimentares em crianças envolve uma equipe multiprofissional, que conta com pediatra, psiquiatra infantil, psicólogo, nutricionista e educador físico. É importante que seja feita a terapia familiar, terapia individual e uma reeducação alimentar. “Quanto mais cedo se trata, maior a chance de cura. Quando o comportamento se transforma em hábito, aumenta o risco de ele se perpetuar", alerta Mara.

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/disturbios-alimentares-aumentam-entre-as-criancas

Alunos estressados, ansiosos e depressivos recorrem a centros de saúde mental de universidades americanas

Estudante levada às pressas a uma emergência psiquiátrica nunca é rotina, mas quando a Stony Brook University registrou três idas em apenas três dias, isso não foi surpresa para Jenny Hwang, diretora de aconselhamento psicológico.
Era o semestre do outono, uma época de estresse crescente com a chegada das provas finais e com a proximidade do recesso de fim de ano, por si só uma ansiedade.

Numa tarde de quinta-feira, um calouro que vinha tendo um mau desempenho acadêmico postou pensamentos suicidas no Facebook.

Se eu desaparecesse, ele escreveu, alguém iria notar? Um estudante alarmado contou aos funcionários da faculdade no dormitório, que chamaram Hwang fora do horário do expediente.

Ela entrou em contato com a polícia do campus. Policiais escoltaram o aluno até o hospital psiquiátrico do condado.

Houve mais dois fatos semelhantes naquele final de semana.

Sábado à noite, um aluno ficou preocupado com um amigo que tinha receita para o medicamento Xanax, que é ansiolítico, e acabou tomando um punhado de cápsulas de uma só vez.

No domingo, uma supervisora dos corredores de residência, Gina Vanacore, enviou uma atualização via BlackBerry para Hwang, que promove programas de treinamento para alunos e funcionários sobre intervenções para evitar o suicídio.

"Se você não fosse tão boa em colocar esses observadores", escreveu Vanacore, "nós teríamos de dormir aqui no fim de semana".

A Stony Brook é uma típica faculdade americana de hoje em dia.

Pesquisas nacionais mostram que quase metade dos alunos que visitam centros de aconselhamento psicológico lida com sérias doenças mentais, mais que o dobre de uma década atrás.

Mais alunos estão tomando medicamentos psiquiátricos e há mais emergências que exigem ação imediata.

"É tão diferente de como as pessoas estereotipavam o conceito de aconselhamento universitário.

Ou da década de 1970, quando os alunos chegavam com crises existenciais: Quem sou eu?", disse Hwang, cuja equipe de 29 pessoas inclui psiquiatras, psicólogos clínicos e assistentes sociais.

"Agora eles chegam trazendo histórias de vida envolvendo trauma extenso, um histórico de doença mental, transtornos alimentares, automutilação, uso de álcool e drogas".

Uma pesquisa recente feita pela Associação Americana de Aconselhamento Universitário descobriu que a maioria dos estudantes busca ajuda para problemas normais pós-adolescência, como decepção amorosa e crise de identidade.

Porém, 44% deles possuem sérios transtornos psicológicos, contra 16% em 2000, e 25% tomam medicamentos psiquiátricos, contra 17% há dez anos.

Os transtornos mais comuns de hoje: depressão, ansiedade, pensamentos suicidas, abuso de álcool, transtornos de atenção, automutilação e transtornos alimentares.

A Stony Brook, uma ramificação academicamente exigente da State University of New York (índice de admissão de 40%), enfrenta desafios de saúde mental típicos de uma grande universidade pública.

Ela possui 9.500 estudantes residentes e 15 mil que se deslocam até o campus.

O corpo discente, altamente diversificado, inclui muitas pessoas que são as primeiras da família a frequentar uma universidade e carregam consigo uma intensa pressão para terem bom desempenho, muitas vezes nas áreas de engenharia ou ciências.

Um grupo de terapia chamado Black Women and Trauma (mulheres negras e trauma), criado no semestre passado, incluiu participantes da África que sofriam de transtorno do estresse pós-traumático de violência na juventude.

A Stony Brook tem notado um acentuado crescimento na demanda por aconselhamento psicológico - 1.311 alunos começaram o tratamento no último ano acadêmico, um aumento de 21% em relação ao ano anterior.

Ao mesmo tempo, pressões orçamentárias da New York State obrigaram uma redução de 15% nos serviços de saúde mental ao longo de três anos.

Perto do grêmio estudantil, no centro do campus, o prédio do Centro de Saúde do Estudante data dos dias em que um dos problemas de saúde mais sérios dos alunos era mononucleose.

Porém, a contratação, há três anos, de Judy Espósito, assistente social com experiência em aconselhamento psicológico a viúvas do 11 de setembro, para iniciar uma unidade de triagem foi um sinal da nova realidade em saúde mental estudantil.

Às 9h da manhã de uma terça-feira, após o fim de semana agitado do campus, Espósito passou pelo dispensador de higienizador de mãos na entrada da universidade quando notou dois colegas correndo em direção ao seu escritório.

Antes mesmo que ela tirasse o casaco, os alunos reportaram sobre uma aluna que tinha se cortado e expressado pensamentos suicidas.

A equipe de triagem de Espósito registra de 15 a 20 pedidos de ajuda por dia.

Após breves entrevistas, para a maioria dos alunos se agenda uma consulta mais longa com um psicólogo, que leva ao tratamento individual.

Um aluno em cada seis não se torna paciente, sendo indicado a outros departamentos da universidade, como aconselhamento acadêmico, ou a terapeutas fora do campus, caso seja necessária ajuda de longo prazo.

O aconselhamento no campus é gratuito.

Naquele dia, os alunos incluíam um jovem rapaz que se queixava de não ter amigos, sentindo-se deprimido.

Outro estudante disse ter dificuldades acadêmicas e temer que os pais descobrissem que ele bebe, sentindo-se desanimado.

Profissionais de um centro de saúde mental estão atentos ao seu próprio bem-estar.

Por esta razão, a equipe tinha planejado um almoço de final de ano.

Enquanto um peru era assado na cozinha que serve como sala de descanso, Espósito ajudava a esquentar o doce de batata doce, o recheio e a quiche que ela mesma tinha trazido.

Então Regina Frontino, assistente de triagem que recebe os alunos na recepção, entrou na cozinha para dizer que uma aluna tinha sido trazida por um amigo que temia que ela pensasse em se matar.

Espósito correu para o saguão.

Depois de uma breve conversa, ela soube que a aluna perturbada teria de ir ao hospital.

O centro de aconselhamento não tem a capacidade de receber alunos suicidas ou psicóticos durante a noite para observação ou administrar drogas poderosas para acalmá-los.

Ele faz com que os alunos sejam levados ao Stony Brook University Medical Center, quase na saída do campus de 405 hectares.

O hospital possui uma emergência psiquiátrica que funciona 24 horas por dia e atende a todo o contado de Suffolk.

"Eles não vão consertar o que está errado", disse Espósito, "mas naquele momento podemos garantir que ela está segura".

Ela chamou Tracy Thomas, conselheira de plantão, para acalmar a aluna, que chorava compulsivamente, enquanto telefonava para a emergência e informava a Hwang, que chamou a polícia do campus para transportar a jovem.

Apesar dos muitos agendamentos no livro de consultas dos conselheiros da Stony Brook, todas as evidências nacionais sugerem que muito mais alunos precisam de serviços de saúde mental.

Quarenta e seis por centro dos estudantes universitários disseram sentir que "as coisas são desanimadoras" pelo menos uma vez nos últimos 12 meses, e quase um terço deles esteve tão depressivo que teve dificuldade em realizar suas atividades, de acordo com uma pesquisa de 2009 da Associação Americana de Saúde Universitária.

Além disso, dos 133 estudantes suicidas reportados na pesquisa da Associação Americana de Aconselhamento Universitário com 320 instituições, de 2009, menos de 20 buscou ajuda no campus.

Alexandria Imperato, 23 anos, se lembra que, como caloura da Stony Brook, todos os seus amigos da escola falavam de como adoravam a faculdade, enquanto ela se sentia péssima.

Ela enfrentava problemas familiares e a pressão para se adaptar à faculdade.

"Você volta para casa para o jantar do dia de Ação de Graças e sua família pergunta ao seu irmão como vai o ratinho dele.

Para você, perguntam: 'O que vai fazer pelo resto de sua vida?'", disse Imperato. Ela soube que tinha depressão.

No final, acabou vencendo a doença com psicoterapia, Cymbalta e lítio.
Ela formou um capítulo na Stony Brook da Active Minds, um grupo nacional de prevenção ao suicídio baseado em campi universitários.

"Me senti muito melhor de encontrar outras pessoas", disse Imperato, que planeja ser enfermeira.

Recentemente, ela era um dos 24 alunos voluntários que usavam uma camiseta preta dizendo "Relaxe", que paravam pessoas no Centro de Atividades Estudantis durante o horário de almoço.

"Você gostaria de fazer um teste para depressão?", eles perguntavam, oferecendo uma prancheta com um formulário de uma página para todos os alunos que tiravam o fone de ouvido.

Os alunos marcavam os quadradinhos se tinham dificuldade de dormir, sentiam desânimo ou "sensação de inutilidade".

Eles recebiam uma oportunidade de falar em particular com um psicólogo num escritório ali perto. Dezesseis alunos concordaram em fazê-lo.

Uma aluna que disse "sim" a uma entrevista imediata com um conselheiro depois de preencher o teste para depressão era estudante do último ano de psicologia, do norte de New York.

Hwang percorreu o centro de aconselhamento para verificar os testes, e a jovem passou muito tempo conversando com ela, sem tirar o casaco xadrez e a mochila. "Não tenho mais motivação para as coisas", disse a aluna. "Este lugar me deprime o tempo todo".

Ela não sabia que os alunos podem ir ao centro de aconselhamento sem horário agendado. "Achei que tivesse de marcar uma hora", ela disse. "Agora vou vir".

© 2010 New York Times News Service
http://br.noticias.yahoo.com/s/03012011/84/mundo-alunos-estressados-ansiosos-depressivos-recorrem.htm