sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

UNISA - Especialização em Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental

LINK - http://www.unisa.br/pos/especializacao/enfermagem/309133apr.shtml

A quem se destina: Enfermeiros graduados.

Disciplinas
Bases para a Assistência em Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental
Ética e Legislação Profissional
Políticas Públicas na Saúde e na Saúde Mental
Psiquiatria Clínica
Administração e Gerenciamento de Serviços de Saúde Mental e Psiquiátrica
Psicopatologia
Dependência Química
Assistência de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental
Metodologia Científica
Trabalho de Conclusão de Curso
Estágio Curricular

Carga horária
417 horas

Duração
18 meses

Prazo máximo para conclusão do curso:
24 meses

Supervisão do Curso
Profa.Cláudia Polubriaginof

Número de vagas
30 vagas

Datas importantes:
Inscrição: até 13/1/2012
Seleção e convocação para matrícula: até 16/1/2012
Matrículas: de 18 a 25/1/2011
Inicio das aulas: Primeira quinzena de fevereiro/2012

Local e horário de realização
Campus II - Rua Isabel Schmidt, 349 - Santo Amaro. São Paulo-SP.
Sábados, das 8h às 17h (encontros quinzenais)

Valor do investimento
18 parcelas de R$ 399,00

Taxa de inscrição
R$ 25,00
OBS.: A inscrição só será efetivada mediante pagamento da respectiva taxa.

Documentos para matrícula
- Xerox do RG e do CPF;
- Diploma de Graduação ou certificado de conclusão;
- Histórico Escolar da Graduação;
- Currículo profissional;
- Comprovante da taxa de inscrição;
- 01 foto 3x4.

Importante
As matrículas serão realizadas na Central de Relacionamento do Campus II - Rua Isabel Schimidt, 349 – Santo Amaro, das 9h às 20h, de 2ª a 6ª-feira, após seleção realizada pelo responsável pelo curso.

Curso - Emergências Psiquiátricas - Sorocaba

Temas abordados:
· Conceito Urgência e Emergência

· Bases legais para o atendimento

· Atuação junto às ocorrências mais prevalentes:

o Intoxicação e abstinência ao álcool

o Agitações psicomotoras

o Tentativas de suicídio

· Assistência de enfermagem específica

Carga horária:
6 horas



Data:
18.12.2011 - domingo das 9h00 as 16h00 em Sorocaba - SP

Local:
Rua Armando Salles de Oliveira, 312 – B. Trujilo – Sorocaba – São Paulo
Investimento: R$ 120,00
Parcelados da seguinte forma:
R$ 40,00 (depósito bancário - antes do curso)
R$ 80,00 (parcelados em até 3 vezes no cartão de crédito no dia do curso)

LINK

* Inclui certificado de participação, apostila e coffee break

__________________________________________________
Os cursos serão ministrados mediante ao número mínimo de alunos.
Preços e datas sujeitos a alterações sem aviso prévio.

Um em cada 12 adolescentes se machuca de propósito, diz estudo

LONDRES (Reuters) - Um em cada 12 adolescentes, a maioria meninas, causa autolesões propositais, e cerca de 10 por cento dos que fazem isso mantêm esse comportamento na vida adulta, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira.
Como a autolesão é um dos principais indicadores da propensão ao suicídio, os psiquiatras responsáveis pelo estudo disseram esperar que suas conclusões levem a atitudes mais ativas e prematuras para ajudar pessoas em risco.

George Patton, que comandou o estudo no Centro para a Saúde Adolescente, do Instituto Murdoch de Pesquisas Infantis, em Melbourne (Austrália), disse que as conclusões mostram uma "janela de vulnerabilidade" na fase intermediária da adolescência.

"A autolesão representa uma forma de lidar com essas emoções (da adolescência)", disse ele a jornalistas.

No estudo publicado na revista Lancet, os pesquisadores disseram também que os jovens que se machucam frequentemente sofrem de problemas mentais que exigem tratamento.

A autolesão é um problema mundial de saúde, e especialmente comum entre meninas e moças de 15 a 24 anos. Especialistas suspeitam que a incidência do problema esteja aumentando.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, quase 1 milhão de pessoas se suicida por ano, o que representa uma mortalidade de 16 por 100 mil indivíduos, ou uma morte a cada 40 segundos. Nos últimos 45 anos, os índices mundiais de suicídio cresceram 60 por cento.

No estudo, Patton e Paul Moran, do Instituto de Psiquiatria do King's College, de Londres, acompanharam entre 1992 e 2008 uma amostra de jovens com idades em torno de 15 a 29 anos, no Estado australiano de Victoria.

De 1.802 pessoas que responderam ao questionário quando adolescentes, 149, ou 8 por cento, relataram autolesões. Entre as meninas o índice subia a 10 por cento; entre rapazes, caía a 6.

Moran disse que os principais fatores para o problema parecem ser uma combinação de alterações hormonais durante a puberdade, mudanças cerebrais na metade da adolescência - com o desenvolvimento do córtex pré-frontal, associado ao planejamento, à expressão da personalidade e à moderação - e fatores ambientais, como a pressão dos colegas, dificuldades emocionais e tensões familiares.

Cortes e queimaduras eram as formas mais comuns de autolesões entre adolescentes, mas também apareceram casos de envenenamento, overdoses e pancadas.

Quando os participantes chegavam à idade adulta, no entanto, as taxas de autolesão caíam dramaticamente, e aos 29 anos menos de 1 por cento dos participantes relatavam fazer deliberadamente algo que lhes machucasse ou ameaçasse.

Por Kate Kelland
http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE7AG02S20111117?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0

domingo, 11 de setembro de 2011

Reforma faz 10 anos, mas manicômios judiciários não mudaram

Psiquiatras, Poder Judiciário, ONGs e até o governo federal reconhecem sérios problemas nos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) do Brasil, os antigos manicômios judiciários, que na prática, nestes 10 anos da reforma psquiátrica, só mudaram de nome. Estes locais abrigam doentes mentais que cumprem medidas de segurança por incapacidade de entender o crime que cometeram.

Os problemas têm sido identificados há anos em visitas do Conselho Nacional e Justiça (CNJ), relatórios do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Psiquiatria, além de denúncias feitas por ex-funcionários desses HCTPs e ONGs que militam em defesa dos diretos humanos.

Denúncias mais graves foram feitas recentemente contra o HCTP de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, onde sete pacientes fugiram cavando um buraco no final de semana passado. Segundo relataram ao Terra ex-funcionários e integrantes de entidades de defesa dos direitos humanos, os internos estariam sendo submetidos a um regime de presídio, com torturas, e supressão do tratamento psiquiátrico.

"Eles não são presos. Foram absolvidos pela Justiça, são pacientes que precisam de cuidados, assim como crianças menores de 12 anos de idade", diz o ex-coordenador de Saúde do Sistema Penitenciário paulista, integrante da ONG Tortura Nunca Mais e conselheiro do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Paulo Sampaio.

Mutirões carcerários promovidos pelo CNJ identificaram que, em Salvador, 88 dos 156 internos aguardavam laudo de insanidade mental. Para sensibilizar as autoridades sobre as condições do hospital, o HCTP baiano foi cenário de um filme chamado A Casa dos Mortos. Na unidade de Itamaracá (PE), uma paciente esperava julgamento há 12 anos.
Segundo estudo da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) sobre os HCTPs, estes locais são confusos e sem uma política que direcione o tratamento dos pacientes. "Constatamos que nesses últimos oito anos nenhuma medida eficaz foi tomada para a melhora desse triste panorama nacional. A simples mudança do nome Manicômio Judiciário para Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico em nada transformou a realidade precária na qual se transitam os doentes mentais no limite da total desassistência", diz trecho do relatório da associação publicado em 2010.

Entre as observações constatadas em todas as oito unidades visitadas (SP, AM, RS, BA, PA, RJ e DF), as instalações não atendiam as necessidades mínimas para o tratamento, misturando um cenário de punição com tratamento. A falta de médicos era tamanha, que em 2010, perícias já estavam sendo agendadas para 2015. Quando recebiam alta, os pacientes não recebiam suporte do Sistema Único de Saúde (SUS) e acabavam voltando para os HCTPs. Segundo a ABP, isso ensejava "hipóteses de descaso e/ou falta de preparo técnico por parte dos gestores responsáveis pelo setor junto ao poder público".

Os dados mais recentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apontam que 4.250 pessoas cumprem medidas de segurança de tratamento e internação no sistema penitenciário nos 33 HCTPs espalhados pelo Brasil. São 881 leitos psiquiátricos disponíveis em todos os presídios brasileiros. De acordo com os números, 198 psiquiatras são responsáveis pelo atendimento não só dos internos do HCTP, mas dos 496,2 mil detentos abrigados nas prisões brasileiras.

Estudos do Ministério da Saúde atribuem os problemas à resistência da rede de saúde mental, do SUS, das famílias, e dos órgãos de Justiça, que sugerem a reinternação, mesmo quando não ocorre reincidência.

Denúncias

Paulo Sampaio diz que pediu exoneração da coordenação de Saúde do Sistema Penitenciário de São Paulo porque a Secretaria de Administração Penitenciária paulista (SAP) promove opressão, tortura, espancamentos nos HCTPs de Taubaté e Franco da Rocha."A pressão está muito grande contra os pacientes. São pessoas que foram absolvidas pelo crime cometido porque são doentes. Só que o sistema penitenciário de São Paulo não os está tratando como doentes, estão torturando, pressionando, afastando da família, e isso criou um clima de tensão. Há mais de 20 anos não víamos isso", denuncia.

Ele acusa a SAP de colocar agentes penitenciários para dirigir os HCTPs, o que fez com que o tratamento e o programa de saída progressiva fossem extintos no Franco da Rocha. "O secretário colocou para dirigir dois hospitais de custódia, dois agentes penitenciários, que não possuem conhecimento de tratamento mental", acusa.
Sampaio diz que já encaminhou à corregedoria de Justiça do Estado de São Paulo denúncias sobre maus tratos e abusos sexuais, mas nada foi feito. A corte informou que os processos são sigilosos, por isso não pôde dar informações sobre o andamento dos mesmos.

A SAP disse que as circunstâncias da fuga em Franco da Rocha estão sendo apuradas e que ocorreram mudanças na direção da instituição em julho deste ano após verificação sobre como eram conduzidos os trabalhos na unidade, que estariam em desacordo com as normas vigentes. "Foram implantadas, portanto, mudanças no sentido de propiciar melhorias nos atendimentos aos pacientes, preservando suas integridades físicas e mentais".

Segundo a SAP, a nova diretoria e os psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais apresentaram novas propostas para implantar "diversas atividades laborais", para atingir um número maior de pacientes e prepará-los para o retorno social, conforme as necessidades de cada um deles.

A secretaria afirma ainda que o servidor que ocupa o cargo de direção tem formação em "Psicologia Clínica, Psicologia Institucional, Grupo Terapêutico e Equipe Multidisciplinar, bem como Transtornos Mentais e possui todos os predicativos necessários para assumir a direção da unidade e desempenhar um importante trabalho com os sentenciados que precisam de acompanhemento psiquiátrico".

Contatada pelo Terra, a Defensoria Pública de São Paulo informou que não recebeu nenhuma denúncia, nem possui investigações sobre casos como os relatados em Franco da Rocha.

Já o Ministério da Saúde informa que instaurou uma força-tarefa para avaliar o funcionamento dos 201 hospitais psiquiátricos que atendem pelo SUS, cujo relatório deve ser elaborado em novembro.

Daniel Favero

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5324923-EI306,00-Reforma+faz+anos+mas+manicomios+judiciarios+nao+mudaram.html

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Consumo de antidepressivos cresce 49% em 4 anos

Entre janeiro e junho de 2011, foram comercializadas no Brasil 34,6 milhões de unidades farmacêuticas contra depressão e outros transtornos de humor, um aumento de 49,1% comparado às 23,2 milhões de cápsulas vendidas no mesmo período de 2007.

A evolução da venda deste tipo de medicamento no País foi registrada ano a ano, conforme levantamento feito, a pedido do iG Saúde, pela empresa de consultoria farmacêutica IMS Health Brasil.

Para os especialistas, o gráfico em ascensão reflete dois fenômenos, um positivo e outro negativo. Ao mesmo tempo em que revela maior acesso dos pacientes às medicações que previnem e tratam uma das doenças mais incapacitantes do mundo, conforme classifica a Organização Mundial de Saúde (OMS), também pode mostrar um uso indiscriminado dos remédios, composto por automedicação e usuários dependentes.

"A população com mais renda também consome mais medicações", explica o professor do departamento de ansiedade da Universidade de São Paulo e médico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Márcio Bernik.

"Além disso, estes tipos de remédio ficaram mais seguros dos anos 80 para cá, com menos efeitos colaterais o que também ampliou o acesso. Isso criou, em algumas classes terapêuticas, bolhas de uso inadequado."

Dois lados

A escritora Cátia Soares, 51 anos, e a dona-de-casa Isaura (que prefere não ter o nome completo divulgado), de 60 anos, são os dois lados da moeda do uso de antidepressivos e medicações para os mais de 40 tipos de transtornos de humor descritos pela Psiquiatria.

A primeira, que faz tratamento medicamentoso contínuo desde os 37 anos com acompanhamento do psiquiatra, afirma que as pílulas foram a sua salvação.
"Não me tornei um robô por causa delas e hoje só consigo viver com o auxílio dos medicamentos, como os usados para diabetes ou hipertensão", acredita Cátia (leia o depoimento).

Já a dona-de-casa compara sua situação "a uma prisão". Não foi o profissional de saúde que receitou os comprimidos usados por ela todas as noites para tentar dormir e controlar a ansiedade.

"Uso o remédio que toda a minha família usa", confessa. O efeito na indução da sonolência é cada vez menor e desde que passou a sofrer os efeitos da menopausa - há 20 anos - ela faz uma alquimia caseira para tentar combater os sintomas que vão de tristeza profunda a angústia e dificuldade no sono.

Máscara

O comportamento descrito pela dona-de-casa é assistido cotidianamente pela neurologista Andréa Bacelar, vice-presidente da Academia Brasileira do Sono. "Nos consultórios, os pacientes que chegam não dormem direito há mais de cinco anos, em média, e relatam uso de polimedicamentos no período", diz.

"O tratamento deles é mais complicado porque exige a prescrição de drogas para tratar a dependência de alguns remédios, outras para sanar os efeitos colaterais e também é preciso traçar um plano individual para tentar combater na raiz a dificuldade para dormir."

Assim como os antidepressivos, o consumo de drogas usadas para insônia também está em ascensão. O levantamento feito pela IMS Health Brasil mostra que em quatro anos, a comercialização de hipnóticos e sedativos teve alta de 3,6 milhões de doses vendidas por mês, saindo de 11 milhões em junho de 2007 para atuais 14,6 milhões em 2011.

Para Andrea Bacelar, o uso indiscriminado ou por conta própria dos remédios pode mascarar outras doenças ligadas à insônia, como a própria depressão. Na lista também podem estar fibromialgia, problemas respiratórios como asma, DPOC e apneia obstrutiva do sono, e até obesidade e sedentarismo.

O médico do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luciano Ribeiro, acrescenta: para que as estatísticas de vendas deste tipo de medicação mensurem somente efeitos positivos é preciso conscientização tanto dos usuários quanto dos profissionais de saúde.

Médicos traficantes

As mudanças de paradigmas são lentas e não dependem só dos pacientes", acredita Luciano Ribeiro. "É claro que é preciso coibir os usuários que têm acesso aos medicamentos por vias ilícitas, mas muitas pessoas que tomam os remédios indiscriminadamente fazem com aval dos médicos."

Segundo o neurologista, estes profissionais de saúde têm a postura semelhante a de traficantes, já que abastecem com receitas indiscriminadas e sem critérios pessoas que são dependentes das drogas.

"É preciso alertar para a prescrição oficial indiscriminada. Isso também precisa mudar."
O último relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Intoxicações (Sinitox), departamento ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra mesmo que as drogas vendidas com o propósito de curar ou amenizar sintomas podem provocar um número de efeitos colaterais ainda maior do que as drogas ilícitas.

Divulgado no início do ano, o relatório mostra que durante o ano de 2009 foram acumulados 26 mil registros de intoxicação por medicamentos. O uso abusivo de maconha, cocaína e outras somou 6,7 mil casos.

http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=7&idnot=61493

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Normal na França, doente nos Estados Unidos

por Heloisa Villela, de Washington

Acho curioso o altíssimo índice de casos de TDAH, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, nos Estados Unidos. Há tempos me pergunto se a cultura de um país pode influenciar o diagnóstico. Conversando com Stuart Kirk, autor do livro sobre a história do DSM — Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, manual das doenças mentais editado nos Estados Unidos –, ele me sugeriu procurar o professor Manuel Vallee, da Universidade de Berkeley, na Califórnia.

Manuel Vallee é formado em antropologia, com PhD em sociologia.

Ele se especializou em sociologia médica e está terminando de redigir a tese “Desconstruindo a Epidemia Americana de Ritalina: Contrastando o Uso da Ritalina EUA-França”. Ele decidiu comparar o olhar dos psiquiatras franceses com o dos americanos no que diz respeito ao TDAH.

Até os anos 70, a grande maioria dos psiquiatras americanos praticava a psicanálise e, por isso, olhava sintomas das doenças como sinais que deveriam ser compreendidos e estudados, não como problemas em si. O que antes servia de porta de entrada para conhecer o outro passou a ser o foco do tratamento.

Assim, a tendência dominante hoje, pelo menos aqui, é de tirar o indivíduo de seu contexto social e isolar os sintomas. É uma forma de enquadrar a psiquiatria nas fronteiras bem explícitas da medicina biológica, com doenças claramente reconhecíveis e tratáveis. Com isso, elimina-se a subjetividade, o impacto do meio social sobre o individuo. Daí, o recurso fácil às drogas.

Recentemente, o jornalista Jed Bickman publicou, no site Counterpunch, um artigo alertando que em breve poderemos ter repetido, com as drogas para esquizofrenia e os antipsicóticos, o fenômeno que aconteceu com a ritalina: receitas em número cada vez maior para jovens e crianças.

Mas, na entrevista com o dr. Manuel Vallee, tratamos apenas do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, o TDAH.

Viomundo – Como o senhor se interessou em estudar o tratamento do TDAH, doença que hoje já se considera uma epidemia nos EUA?


Manuel Vallee – Quando estava na universidade, fiz uma cadeira de antropologia médica e o meu professor, que era espanhol, me perguntou se eu estava trabalhando em algum lugar. Quando disse que estava trabalhando em um agência de publicidade, com a conta de uma empresa farmacêutica, ele ficou doido. Passou meia hora me falando o que eu podia fazer. Fiquei pensando no que fazer. Comecei a desenvolver uma atitude mais crítica em relação à indústria farmacêutica. Como estudante, fiz análise da CHADD (Children and Adults with ADHD, Organização Americana de Crianças e Adultos com TDAH). Descobri que eles estavam brigando para desregulamentar a venda de Ritalina. Alguns jornalistas descobriram, depois, que a organização tinha financiamento da indústria farmacêutica. Quando essa informação veio à tona, eles pararam de brigar pela liberação da Ritalina.

Quando estava estudando a CHADD, tive a oportunidade de fazer um projeto de pesquisa na França. Primeiro, queria estudar o uso de antidepressivos. Mas era igual nos dois países [Estados Unidos e França]. O meu orientador me disse: “O que você precisa é encontrar um país que seja muito semelhante, mas onde os resultados sejam completamente diferentes”. Comecei a olhar para outras drogas e percebi que com a Ritalina isso acontecia.

Os franceses adoram um remedinho. É um consumo altíssimo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os Estados Unidos são os líderes no consumo per capita de remédios. A França vem em terceiro lugar. Mas, na França, é mais difícil dar Ritalina às crianças. Na minha visão, isso tem relação direta com quem domina o campo da TDAH. Nos Estados Unidos, a psiquiatria biológica ganhou poder nos anos 80, depois da publicação do DSM III (o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, ou Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais). Mas, na Franca, a psiquiatria biológica não tem o mesmo poder. E os psiquiatras biológicos não são os que lidam com o problema do TDAH.

Na Franca, os psiquiatras são treinados na psicanálise e aqui, são treinados na psiquiatria biológica, o que provoca diferenças fundamentais no conceito da TDAH. Aqui, é uma doença biológica e na França é um distúrbio de efeito psicológico causado por algum trauma ou pelo ambiente social e o tratamento é terapia psicológica, aconselhamento familiar, terapia de grupo, terapia da fala… é um olhar mais holístico.

Viomundo – Antes de começar seu estudo, o senhor tinha alguma conexão pessoal ou acadêmica com a França?

Manuel Vallee – Sou franco-canadense, falo francês fluentemente. Isso ajudou muito no trabalho. Foi um dos motivos e tive oportunidade de levantar financiamento para a pesquisa lá. Fazia mais sentido do que ir para a Itália ou um país escandinavo.

Viomundo -E quais são os resultados desses tratamentos diferentes nos dois países?


Manuel Vallee – Países diferentes adotam estatísticas diferentes. Na França, eu consegui dados sobre o uso da Ritalina, mas não sobre os diagnósticos, por exemplo. Olhando os resultados aqui, eles também não são claros.

Por exemplo, dizem que as crianças têm um rendimento melhor com a Ritalina. Mas todo mundo tem. Ela foi usada, originalmente, para manter pilotos [da aviação] focados e acordados. Então, o que você quer dizer com resultados? Qual é o resultado em três meses? Bom, mas e depois? Não encontramos estudos de longo prazo. A indústria farmacêutica é que financia os estudos e não tem nenhum interesse em estudar isso. A não ser que seja obrigada.

Alguns estudos mostram que as drogas perdem a eficácia depois de seis meses. É preciso descobrir se ajudam as crianças mesmo. E depois de dois anos, dez anos? Existem resultados negativos para a saúde? Existem vários. O FDA (Food and Drug Administration, agência federal que regulamenta o consumo de remédios e alimentos nos EUA) teve que botar uma tarja preto na caixa do remédio. alertando que ele pode provocar alucinações, problemas cardíacos, derrame e até a morte. Para algumas crianças que têm disposição genética, a Ritalina foi apontada como causa de problemas cardiovasculares, houve casos de crianças que morreram.

Viomundo – Recentemente, foi divulgado um estudo dizendo que a Ritalina não provoca problemas cardiovasculares. Mas o pé da reportagem dizia que o estudo tinha sido financiado pela indústria farmacêutica.

Manuel Vallee – Sob o olhar crítico da Ciência, esses estudos não têm valor. Eu recomendo a você o livro do John Abramson, “Overdosed America: The Broken Promise of American Medicine”. Ele é da Universidade Harvard e foi treinado para analisar pesquisas. Ele encontrou vários problemas com os artigos publicados no Lancet, no Journal of the American Medical Association (JAMA), no New England Journal of Medicine. Deu-se conta de que as conclusões eram fraudulentas, afirmações feitas sem base. E acabou descobrindo a indústria farmacêutica por trás, financiando as pesquisas. Ele deixou claro que os estudos financiados pela indústria não são confiáveis.

O psiquiatra britânico David Healy também fez muita pesquisa sobre a indústria farmacêutica e foi consultor do grupo que processou os fabricantes do Prozac e de outros antidepressivos. Por isso, teve acesso a todos os dados e descobriu que o antidepressivo não tem nenhum benefício significativo, quantitativamente, quando usado para crianças. E, com adolescentes, na verdade aumenta o risco de suicídios. Ele descobriu que quando as indústrias mandam pesquisas à FDA pedindo a aprovação de remédios, elas escolhem apenas o que tem de positivo no resultado, para promover. Ele provocou um furor e muitos protestos na FDA.

Viomundo – Começando pelo diagnóstico do TDAH, ele difere muito nos Estados Unidos e na França?

Manuel Vallee – O DSM (nos Estados Unidos), o sistema da França e a classificação da Organização Mundial de Saúde deveriam ser bastante similares, mas existe uma grande diferença entre esses sistemas de classificação.

Viomundo – O dos Estados Unidos é mais abrangente?


Manuel Vallee – Para a classificação do TDAH é bem mais abrangente que o sistema da Organização Mundial de Saúde. Os americanos dizem que o sistema da OMS tem muitos defeitos. Enquanto isso, os britânicos dizem que os americanos estão completamente loucos. Você conhece a Lynn Payer? Ela é jornalista americana da área médica e escreveu um livro chamado “Medicine and Culture”, onde mostra o preconceito etnocêntrico de cada país. Todos acham, sendo os fundadores da Medicina moderna, que têm o monopólio da maneira certa de fazer as coisas. O que eu achei interessante entre os americanos e os franceses é que o DSM-IV leva a um diagnóstico de TDAH em 5% das crianças do país, enquanto o método da França atinge 1%. Então, a versão americana leva a um volume de diagnósticos cinco vezes maior.

Viomundo – Que outras diferenças existem na hora de fazer o diagnóstico?


Manuel Vallee – Na França, eu ouvi repetidas vezes que o TDAH é uma das doenças mais difíceis de diagnosticar porque tem tantos aspectos diferentes. É muito importante ter um extensivo e rigoroso processo. Analisar todas as opções para ter certeza de que foram eliminadas todas as possíveis explicações alternativas. Você só pode chegar ao diagnóstico depois de eliminar toda e qualquer outra explicação. Os franceses dizem que esse processo, em geral, leva entre oito e 24 horas. E eles preferem dar de 8 a 24 horas de avaliação, com psicoterapeuta, assistente social e tudo mais. Mesmo os que defendem com força o uso da Ritalina nunca chegam ao diagnóstico com menos de 8 horas de avaliação.

Aqui nos Estados Unidos, o tempo gasto para se chegar a um diagnóstico de TDAH para criança é de 45 minutos. E a média é de 22 a 72 minutos. É claro que existem exceções…

Nos EUA, o campo do TDAH é dominado pelos pediatras. Eles lidam com a grande maioria dos casos. E prescrevem 70% dos remédios consumidos pelas crianças.

Viomundo – Nem mandam a criança para um psiquiatra?


Manuel Vallee – Não. E quando você começa a olhar para isso mais profundamente, fica complicado, porque existem muitos fatores contribuindo para o resultado final. Nos Estados Unidos, você pode encontrar médicos que gostariam de passar mais tempo com a criança. Mas eles são avisados pelo HMO [health maintenance organization, organização que sob a lei americana pode oferecer atendimento em certos hospitais e com certos médicos] ou pela empresa de seguro de saúde que serão reembolsados apenas por uma visita de 45 minutos. Qualquer tempo extra que eles investirem no caso vai ter que sair do bolso deles. Temos um sistema que conspira para essa abordagem completamente diferente de tratamento.

Viomundo – Que outras diferenças o senhor encontrou, nos dois países, com relação ao tratamento do TDAH?

Manuel Vallee – Além do tratamento mais holístico, que envolve a escola e a família, os franceses ensinam os pais a reconhecer melhor os pontos fracos e fortes dos filhos. Também levam a Ritalina em conta, mas apenas como último recurso. Nunca como tratamento único. Fiz questão de procurar os médicos que defendem o uso da Ritalina na França. E até mesmo eles disseram que jamais usam apenas o remédio. Enquanto isso, nos EUA, 70% das crianças diagnosticadas com TDAH tomam Ritalina, ou um outro estimulante. E em 50% dos casos, é tudo que recebem. Então, é um tratamento completamente diferente nos Estados Unidos e na França.

Agora, existem pais, nos Estados Unidos, que buscam um tratamento mais holístico. Terapia, aconselhamento, mas têm que montar o pacote sozinhos. E é mais caro. Um dos motivos pelos quais o sistema francês pode oferecer esse tratamento mais holístico é porque é pago pelo governo. 85% do custo são pagos pelo governo.

Viomundo – Esse é outro aspecto que influencia as decisões: o tipo de sistema de saúde que existe nos EUA?


Manuel Vallee – Ou a falta de um sistema de saúde… Outra coisa que acontece nos Estados Unidos está ligada ao treinamento de professores. Quando a criança chega ao consultório do pediatra ou do psiquiatra, ele já tem todo um dossiê, informações sobre aquela criança, fornecidas pela escola. O sistema produz incentivo na direção de um diagnóstico. Eu sei que houve muita resistência quando a indústria farmacêutica tentou treinar os professores na França. O Ministro da Educação combateu veementemente dizendo que esse não é o papel dos professores. Eles têm que ensinar e não diagnosticar. Para isso existem os médicos.

Viomundo – O professor olha apenas para o comportamento da criança, mas não sabe qual é o contexto. E a impressão que eu tenho do sistema, aqui, é que na maior parte do tempo, todo mundo é retirado do seu próprio contexto e analisado com base apenas nos chamados sintomas, que podem ser apenas uma reação a isso ou aquilo. Por isso acho difícil entender um psiquiatra pegar um questionário sobre o comportamento da criança, preenchido pelo professor, outro dos pais, olhar a criança por 25 minutos e chegar a um diagnóstico sem saber de onde vem essa criança, qual é a história da vida dela.

Manuel Vallee – Exato. É a descontextualizarão do indivíduo.

Viomundo – Isso também leva os profissionais a se apoiarem mais em remédios?

MV – Com certeza! Mas não é apenas isso. Eu dou aula de sociologia médica e sempre peço aos meus alunos que olhem para a individualização das doenças. Não apenas psiquiátricas, mas todas elas. Quando a pessoa aparece no consultório por causa de asma ou diabetes, o que fazem é individualizar a doença. Encontrar algo errado com o comportamento do paciente. Ver se pode haver algo errado com os genes da pessoa. Mas ninguém fala do quadro geral.

Por que as crianças que vivem perto de um porto têm vinte vezes mais casos de asma do que as outras? Então, ninguém fala do contexto social, ninguém discute porque as pessoas que vivem nas áreas mais pobres de Richmond, com menos acesso a comida de qualidade, têm índices de câncer mais elevados. Para cada incidência de doença vamos encontrar que as classes mais baixas têm menos acesso a recursos e têm índices maiores de doenças. Esta tem sido a tendência nos Estados Unidos, nos últimos 50 anos. E desde a publicação do DSM-III a psiquiatria parece estar tentando seguir essa tendência de descontextualizar as doenças. Fomos relegados a esse tipo de solução, que tem como alvo o nível biológico das coisas. Ninguém olha para as causas sociais. E eu acho que a descontextualizarão das doenças é ainda mais importante para as doenças mentais, me parece.

Viomundo – No resumo do seu trabalho, que ainda vai ser publicado, o senhor diz que os países do Terceiro Mundo devem ficar alertas. Por quê? Em algumas escolas brasileiras já existem programas de cooperação com psiquiatras, para treinar professores no reconhecimento de crianças com TDAH na sala de aula…

Manuel Vallee – Isso também acontece aqui. Você conhece o Peter Breggin? Em um dos livros dele, ele fala dos seminários para professores que são organizados pela indústria farmacêutica. Não foquei nessa área. Ainda quero pesquisar o papel da escola na produção dessa epidemia. Não tive oportunidade ainda e decidi focar primeiro na comunidade médica, para ver quem lida com TDAH e qual é a predisposição deles para analisar isso. Quando terminar, vou olhar mais detalhadamente para o papel que a educação desempenha nessa história de medicalizar as crianças com Ritalina.

http://www.planetaosasco.com/oeste/index.php?/2011080318120/Nosso-pais/heloisa-villela-normal-na-franca-doente-nos-estados-unidos.html

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Especialização em Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental

Link para inscrições:

http://www.unisa.br/pos/especializacao/enfermagem/309133apr.shtml

Modalidade - Presencial

Objetivo - Capacitar profissionais nos aspectos teóricos e práticos para atuar na especialidade em todos os níveis da assistência, aprofundando o conhecimento e desenvolvendo as habilidades e atitudes pertinentes.

A quem se destina: Enfermeiros graduados.

Disciplinas

Bases para a Assistência em Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental

Ética e Legislação Profissional

Políticas Públicas na Saúde e na Saúde Mental

Psiquiatria Clínica

Administração e Gerenciamento de Serviços de Saúde Mental e Psiquiátrica

Psicopatologia

Dependência Química

Assistência de Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental

Metodologia Científica

Trabalho de Conclusão de Curso

Estágio Curricular

Carga horária - 417 horas

Duração - 18 meses

Número de vagas - 30 vagas

Datas importantes:

Inscrição: até 19/7/2011

Seleção e convocação para matrícula até 21/7/2011

Matrículas: de 26 a 29/7/2011

Previsão de inicio das aulas: Primeira quinzena de agosto 2011


Local e horário de realização: Campus II - Rua Isabel Schmidt, 349 - Santo Amaro. São Paulo-SP. Aos Sábados, das 8h às 17h (encontros quinzenais)

Valor do investimento - 18 parcelas de R$ 399,00

Taxa de inscrição: R$ 25,00

OBS.: A inscrição só será efetivada mediante pagamento da respectiva taxa.


Documentos para matrícula

- Xerox do RG e do CPF;

- Diploma de Graduação ou certificado de conclusão;

- Histórico Escolar da Graduação;

- Currículo profissional;

- Comprovante da taxa de inscrição;

- 01 foto 3x4.

Importante - As matrículas serão realizadas na Central de Relacionamento do Campus II - Rua Isabel Schimidt, 349 – Santo Amaro, das 9h às 20h, de 2ª a 6ª-feira, após seleção realizada pelo responsável pelo curso.

Informações:

posgraduacao@unisa.br
0800 17 17 96 - para ligações de telefones fixos
(11) 2141-8555 - para ligações de celular

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Museu da Loucura- Barbacena MG

Médico propõe aprofundar medidas na área do tratamento psiquiátrico no Brasil

Aprofundar com a sociedade a discussão sobre o novo modelo assistencial no campo da saúde mental e a compreensão do que significam os transtornos nessa área deve ser a próxima etapa da luta pela reforma psiquiátrica no Brasil. A afirmação é do médico Paulo Amarante, pesquisador na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), e autor do livro Saúde Mental e Atenção Psicossocial, que está em sua terceira edição.

No Dia Nacional de Luta Antimanicomial, comemorado hoje (18), Amarante, um dos pioneiros do combate à violência psiquiátrica no país, ressalta como altamente positivo o fato de o país ter hoje mais de 1.500 serviços abertos, os chamados centros de Atenção Psicossocial, onde o paciente é tratado na própria comunidade e se incorpora a projetos sociais, culturais e políticos.

“Há 20 anos, o Brasil tinha praticamente como tratamento psiquiátrico os hospitais – instituições fechadas, muito mal tratadas e abandonadas - , como ficou demonstrado no clássico documentário Em Nome da Razão, do cineasta Helvécio Ratton”, lembra o médico. Ele afirma, no entanto, que ainda há no país muitos hospitais psiquiátricos onde a violência ainda é a norma, como os de Sorocaba (SP) e Cachoeiro do Itapemirim (ES).

Para Paulo Amarante, é preciso ir mais além da luta antimanicomial, ajudando a sociedade a superar preconceitos com relação aos portadores de transtornos mentais. “As pessoas têm a ideia de que alguém com um transtorno mental é agressivo, é perigoso. Isso tudo são preconceitos que foram sendo construídos ao longo da história. Na verdade, são pessoas como nós, um ou outro com maior problema, mas isso não impede que tenham um outro lado desejoso de trabalhar, de participar de projetos”, disse.

O pesquisador da Fiocruz destaca a importância de políticas públicas como o projeto do Ministério da Cultura, lançado pelo então ministro Gilberto Gil, Loucos pela Diversidade. “Todos falam na importância de nomes como Arthur Bispo do Rosário e Fernando Diniz, grandes artistas plásticos que morreram em hospitais psiquiátricos, mas não havia uma política para dar visibilidade à obra dessas pessoas em vida”, ressalta Paulo Amarante.

Ainda no Rio, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil comemorou o Dia Nacional de Luta Antimanicomial com o evento Por uma Sociedade sem Manicômios em Defesa do SUS e da Vida!, que ocorre até as 20 horas, na Cinelândia, no centro da cidade. Segundo a secretaria, nos últimos anos, o município do Rio de Janeiro obteve avanços na área de saúde mental e foi pioneiro na instauração da bolsa de incentivo à desospitalização para que os pacientes psiquiátricos retornem ao convívio familiar.

Como resultado da política atual, em 2010 foram inaugurados os dois primeiros Caps - Centro de Atenção Psicossocial - com funcionamento 24 horas. As novas unidades permitiram, de acordo com a secretaria, um decréscimo até 50% das internações nas emergências dos hospitais psiquiátricos.

Outro grande avanço na luta antimanicomial apontado pela Secretaria Municipal de Saúde é a implantação das residências terapêuticas e moradias assistidas. Atualmente, a cidade conta com 32 residências e quatro moradias, onde são assistidos 184 pacientes, a maioria pessoas que passaram anos internadas.
Paulo Virgilio - Repórter da Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-05-18/medico-propoe-aprofundar-medidas-na-area-do-tratamento-psiquiatrico-no-brasil

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Psicofarmacologia para Enfermeiros - Monte sua turma!

Datas: aproveite o mês de Julho e MONTE SUA TURMA! São 32 horas de curso. Junte seus amigos, monte uma turma, e organize as datas de acordo com a disponibilidade de vocês. Quanto mais amigos, maior o desconto para o curso!

Mínimo de 6 pessoas - Neste caso o curso sai por: taxa de Matrícula: R$ 30,00 Curso: 3X R$ 80,00 por aluno

Turmas de 7 a 9 pessoas - NÃO PAGA TAXA DE MATRÍCULA. Neste caso o curso sai por 3X R$ 80,00 por aluno

Turmas acima de 10 pessoas – Não paga taxa de Matrícula e o curso sai por 3X DE R$70,00 por aluno

Carga Horária: 32 horas - Para montar a turma basta se organizar da seguinte forma: 4 encontros de 8 horas/aula ou 8 encontros de 4 horas/aula.

Público-alvo: Enfermeiros e Graduandos de Enfermagem

Local: Rua Oriçanga, 141 – Praça da Árvore – São Paulo
Próximo ao Metrô Praça da Árvore

Informações: CP Consultoria e Treinamento
contato@enfermagempsiquiatrica.com.br
Fone: 11 2601 3608 ou 2865 3286
http://www.enfermagempsiquiatrica.com.br/

Temas abordados:
# Introdução à Psicofarmacologia
o Princípios de Fisiologia do Sistema Nervoso Central
o Princípios de Fisiologia do Sistema Nervoso Autônomo
o Neurotransmissores

# Antipsicóticos
o Psicose e Esquizofrenia
# Ansiolíticos e Hipnóticos-sedativos
o Ansiedade e Insônia

# Antidepressivos e Estabilizadores do Humor
o Depressão
o Transtornos Bipolares

# Ampliadores Cognitivos: atenção e memória
o TDAH
o Doença de Alzheimer

# Psicofármacos e o Paciente Idoso

# Psicofarrmacologia da Recompensa e Drogas de Abuso
o Tolerância e Síndrome de Abstinência
o Uso Abusivo de Drogas
o Alucinógenos

Que tal começarmos a sermos HERÓIS???

Olá, muito bom dia!!!

"Ninguém joga papel no lixo, simplesmente porque ninguém joga papel no lixo e se ninguém joga, não vou ser eu o único herói a jogar", me disse um funcionário de uma empresa, ao perguntar-lhe o porquê de ele próprio não ter jogado o papel de seu sanduíche no lixo.

Temos um problema sério no Brasil.

As pessoas têm vergonha de ser "certinhas".

As pessoas são levadas, pelo meio e pelos colegas e amigos, a fazer as coisas mal-feitas, pela metade, com baixo comprometimento.

Temos vergonha de serem "heróis" e por isso acabamos vivendo em ambientes cada vez mais degradados e temos serviços cada vez mais de baixíssima qualidade. Parece mesmo que desenvolvemos uma cultura de que "é errado fazer o certo" - vão nos chamar de "bajulador, lambe-botas, maçaneta", etc.

PRECISA-SE DE UM HERÓI !!! Estamos precisando de pessoas que façam bem feito.

Que se importem.

Que se comprometam com o certo, com o correto.

Que tomem para si a responsabilidade de fazer.

Que se preocupem com a qualidade do que fazem e também da do que os outros estão fazendo.

Essa atitude de ter vergonha de ser "herói" precisa acabar.

E precisa acabar já - "pelo bem de todos e pela felicidade geral da nação".

Só assim sairemos deste verdadeiro subdesenvolvimento mental que nos tem atacado e feito tão mal a nós próprios e ao próprio Brasil.

Nesta semana, gostaria que você pensasse nisto.

Perca a vergonha de ser "herói" e passe a comprometer-se cada vez mais com a melhoria da qualidade de vida de todos nós, fazendo o certo e tendo orgulho desse seu "heroísmo".

Luiz Almeida Marins Filho, Ph.D.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Obesidade e auto-estima podem andar juntas?

Vários fatores influenciam no comportamento de pessoas obesas. Há algumas que conseguem ser felizes mesmo estando com sobrepeso. Mas, parte delas sofre com a baixa auto-estima.
A psicóloga clínica, especializada em transtornos alimentares, Aline Amazonas, atende em seu consultório pessoas obesas todos os dias, há sete anos. Ela aponta que a auto-estima e a felicidade podem sim ser características dos gordinhos.

Aline concorda com a afirmação de que obesidade e felicidade podem caminhar juntas, mas há um limite para essa relação. E esse limite é ditado pela saúde.

Felicidade saudável

Ser um “gordinho feliz” pode ocorrer enquanto há apenas um sobrepeso moderado. Ser um obeso feliz não é algo plenamente possível. “Tem as modelos gordinhas que estão no mercado de trabalho. Mas, será que lá dentro elas queriam ser gordinhas. Não se sabe se isso é uma proteção. Até quando isso é real. Isso me faz feliz sempre? Tem um monte de paciente que se diz feliz e quando emagrece adora”, revela.

As pessoas devem prestar atenção até quando a obesidade é aceitável. “Até quando isso não me faz mal? Elas devem se questionar se são realmente felizes. As pessoas têm medo de morrer. Ser gordinho só é legal quando não mexe com sua saúde. Obesidade grau1 é bonitinha, mas no grau 3 está cheia de comorbidades (doenças associadas)”, aponta.

De acordo com Aline, não se trata de defender, ou incentivar o culto da magreza. Mas, de atentar para os problemas gerados pelo excesso de peso.
É possível ser um gordinho feliz, mas a saúde pode impedir que um obeso mórbido tenha uma auto-estima elevada.

Literatura

Vários livros falam sobre o tema obesidade. Um deles, lançado no último mês pela Matrix Editora, “AleGGria – Linda, gostosa, amada, poderosa e muito feliz com o peso que você tem” da escritora Nelma Penteado, que também é especialista em técnicas motivacionais.

A obra apresenta uma nova perspectiva de vida para as mulheres que se encontram acima do peso. A autora ressalta a beleza feminina que foge dos padrões e tipos ideais.

Não se pode generalizar

A psicóloga, além de alertar para a necessidade de se pensar na saúde, aponta a necessidade de se analisar os motivos responsáveis pela a obesidade de cada um. Ela diz que não existe uma receita ideal para se aceitar ou combater a gordura.

“Quando sou gordo, eu tenho as minhas limitações externas e internas. Quando se emagrece a imagem melhora. Mas, cada história é um contexto. Não podemos particularizar as histórias. Cada um deve observar a origem dessa obesidade em particular. O que importa é a saúde e o bem estar”, finaliza.

Leandro Tapajós
http://acritica.uol.com.br/vida/Obesidade-auto-estima-andar-juntas_0_478152608.html

segunda-feira, 18 de abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os riscos do consumo excessivo de energéticos

Não é incomum encontrar homens consumindo latinhas de energético pela manhã para aguentar o ritmo do trabalho após um happy hour animado. Ricos em cafeína, estas bebidas são estimulantes, mas não devem ser consumidas em exagero, pois podem fazer mal à saúde.

A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central e, por isso, ajuda a deixar as pessoas mais alertas. "Cada latinha de energético equivale a cerca de três xícaras de café, bebida que também é rica na substância. Por isso, o ideal é que a pessoa consuma, no máximo, uma lata e meia por dia, porque cafeína em excesso pode intoxicar o organismo, levando a náuseas, taquicardia, tremores, insônia, irritabilidade e zumbidos", explicou Vladimir Schraibman, especialista em cirurgia geral e gastrocirurgia, do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, da capital paulista.

Alessandra Grisante, nutricionista especializada em Fisiologia do Exercício do Hospital 9 de Julho, da mesma cidade, lembrou que é importante distinguir as bebidas energéticas das bebidas desportivas ou repositoras energéticas. "Estas têm composição diferente, sem cafeína ou estimulantes, com base prioritária de carboidratos (açúcares), visando a reidratação e a reposição da energia perdida durante a prática de esportes, sendo aplicadas de maneira criteriosa e individualizada".

O médico alertou que o consumo de bebidas energéticas industrializadas deve ser limitado, afinal, "não é um isotônico". Além disso, a cafeína pode viciar, levando à necessidade de doses cada vez maiores para se obter o mesmo efeito. "Tem gente que fica até com síndrome de abstinência", afirmou. "É preciso deixar claro que, apesar de as bebidas energéticas conterem cafeína, não devem ser ingeridas como o café na rotina diária", concordou a nutricionista.

Contra-indicações

Alessandra afirmou que, nutricionalmente falando, não há recomendação do consumo de bebidas energéticas, principalmente para pessoas enfermas, crianças, gestantes, idosos etc. "Os efeitos variam de acordo com a dose ingerida e a sensibilidade de cada um. A quantidade que deixa o jovem eufórico, para um idoso hipertenso pode levar ao aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, com maior risco de morte", explicou.

Além disso, a nutricionista do Hospital Nove de Julho comentou que a portaria nº 868/98 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obriga os fabricantes de bebidas energéticas a informar no rótulo que enfermos e idosos devem evitar seu consumo. Segundo ela, isto ocorreu após a descoberta de algumas irregularidades, como excesso de vitaminas e falta de comprovação das funcionalidades (pontecializadora, estimulante, melhora do desempenho etc).

Balada boa

Durante as festas e baladas, muita gente mistura o energético com bebidas alcoólicas para disfarçar o sabor do álcool ou para potencializar o efeito "de alerta" que ela possui. Segundo Schraibman, é justamente aí que está o maior perigo: "temos a depressão do álcool, mascarando seus sintomas, e a potencialização da cafeína. Além disso, a pessoa ingere a mistura e dificilmente se alimenta, levando a casos de desidratação e hipoglicemia. Tem gente que chega a desmaiar!", destacou.

Alessandra demonstrou preocupação com a crescente associação entre os jovens: "o energético pode esconder os sinais de intoxicação do álcool, evitando que a pessoa perceba que já bebeu demais, podendo levá-la ao coma alcoólico, seguido de morte. A longo prazo, esta combinação é um fator de risco para o desenvolvimento de dependência química do álcool".

Essa tal cafeína

Schraibman citou o guaraná e o gengibre como estimulantes naturais, que podem ser usados por aqueles que objetivam se manter mais despertos. Alessandra destacou o café, fonte de cafeína; chocolate (principalmente aqueles com maior teor de cacau); chás verde, mate e preto; e alguns refrigerantes, "cabendo a possibilidade de efeitos adversos no consumo de todos eles".

Embora leve a má fama, a nutricionista contou que a cafeína não é de todo ruim, visto que está presente em alguns medicamentos e estudos demonstraram que entre quatro e seis xícaras de café - grande fonte da substância - por dia são capazes de promover uma melhora do desempenho físico, estado de alerta e melhora neurocognitiva em atletas. Mas, ela também pode ter efeitos negativos, visto que acelera o metabolismo, tem ação diurética (pode levar à desidratação), entre outros. Além da substância, os energéticos também são ricos em açúcares e este é mais um motivo para controlar o consumo: podes colaborar com o aumento do peso.

http://www.correiodoestado.com.br/noticias/conheca-os-riscos-do-consumo-excessivo-de-energeticos_106099/

domingo, 10 de abril de 2011

'Ação pela felicidade', no Reino Unido, pretende criar um movimento global por uma sociedade mais feliz

O mundo é cruel, as pessoas são más e nada faz sentido. Difícil não pensar assim diante dos acontecimentos dos últimos dias, como o massacre de crianças inocentes em Realengo, a tragédia do terremoto e tsunami no Japão, a guerra civil na Líbia etc. Enquanto isso, a busca da felicidade continua a ser encarada, na maioria das vezes, como um trabalho individual. Para ser feliz "EU" preciso de dinheiro, comprar o mais novo gadget tecnológico, ter um celular de última geração, um carro novo na garagem, uma casa bela e confortável, um trabalho gratificante, ser amado e respeitado. Poucas vezes as pessoas notam que sua felicidade também depende da do outro, se seu vizinho é feliz, se seu colega de trabalho está satisfeito, se todos têm a oportunidade de buscar a própria felicidade. Para mudar esse panorama, está sendo lançada no Reino Unido a Action for Happiness (Ação pela felicidade), iniciativa que pretende criar um movimento global por uma sociedade mais feliz.

A ideia da Action for Happiness é reunir sugestões e atitudes para que as pessoas realizem mudanças positivas em suas vidas, lares, escolas, trabalhos e comunidades de forma a espalhar a felicidade dentro de um processo que está sendo chamado de inovação social. É lembrar que, mesmo diante das maiores dificuldades, existem pessoas que conseguem ser felizes e ajudam outras, que a solidariedade, a compaixão e o amor ao próximo são instrumentos fundamentais para a construção de uma sociedade melhor.

No fim do século XIX, por exemplo, a ciência era um trabalho solitário. Em geral, os cientistas eram verdadeiros ermitões, atuando sozinhos ou com poucos colaboradores na produção de novos saberes. Com o tempo, no entanto, o cenário foi mudando. Já na primeira metade do século passado, muitas inovações saíram de grandes laboratórios montados por empresas, onde equipes de pesquisadores, trabalhando em conjunto, criavam novos produtos que rapidamente chegavam ao mercado. O avanço científico foi industrializado e marcas como IBM, General Electric, Bayer e Roche tornaram-se conhecidas mundo afora. Não demorou muito e os governos também se envolveram no processo, financiando pesquisas em instituições acadêmicas como o MIT, Stanford, Oxford e Cambridge que geraram novos conhecimentos que também ganharam o mundo para o benefício de todos.

Por outro lado, a inovação social continua a ser produzida como era a ciência do fim do século XIX. Não faltam mentes brilhantes e ideias geniais, mas em geral elas são frutos de iniciativas e buscas pessoais, como no caso de Muhammad Yunus. Vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2006, ele criou o Grameen Bank, que há mais de três décadas fornece pequenos empréstimos para agricultores pobres de seu país, Bangladesh. Muitos dos métodos usados por Yunus não eram novos. A novidade estava na maneira como eles foram agregados, invertendo as estruturas de poder e transformando camponeses em banqueiros, assim como muitas outras inovações sociais fazem de alunos, professores, de pacientes, médicos. De lá para cá, instituições de microcrédito similares ao Grameen Bank se espalharam pelo mundo, mudando a vida de pessoas em diversos países.

O sucesso de Yunus e de outras iniciativas do gênero também já começa a atrair a atenção dos governos para a questão do estímulo à inovação social. Nos EUA, o presidente Barack Obama criou na Casa Branca um pequeno escritório dedicado ao assunto, além de um fundo de US$ 650 milhões para a inovação na área de educação. Países como França e Austrália também estão financiando incubadoras de ideias de inovação social, enquanto a União Europeia está desviando parte de seu orçamento de pesquisa e desenvolvimento da criação de hardware para novos serviços que melhorem as vidas de seus cidadãos.

Até empresas estão atentas

Até mesmo as empresas estão começando a dirigir sua atenção ao tema. Um exemplo é o M-Pesa, serviço criado pela companhia de telefonia celular queniana Safaricom que realiza transferências de dinheiro entre pessoas físicas. Em 2007, a empresa, do grupo europeu Vodafone, percebeu a existência de um enorme mercado paralelo de minutos.

Um queniano dono de um celular comprava créditos em minutos e os passava para outra linha, em um método informal de pagamento. A Safaricom então decidiu facilitar esse processo. Com o M-Pesa ("M" de móvel e "Pesa" de dinheiro em suahili, principal língua do país) um trabalhador de Nairóbi, capital do Quênia, que queira enviar dinheiro para a família que mora no interior compra os créditos e os transfere para os parentes, que podem ir a uma loja da empresa e trocá-los por dinheiro vivo. Este sistema bancário sem agências e de menor risco substituiu o principal meio usado pelos quenianos para isso até então - entregar um envelope cheio de dinheiro para motoristas de ônibus interurbanos - e já foi adotado por mais de 10 milhões de quenianos, um quarto da população do país, tornando-se um exemplo de inovação social que atende aos anseios das pessoas dentro de uma operação comercial.

A inovação social, portanto, pode crescer por meio da colaboração entre pessoas, empresas, governos e academia que a Action for Happiness quer estimular. A iniciativa não tem a ilusão de acabar com a tristeza no mundo, mas, como alertou Carlos Drummond de Andrade, "a dor é inevitável. O sofrimento, opcional".

César Baima
http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/04/08/acao-pela-felicidade-no-reino-unido-pretende-criar-um-movimento-global-por-uma-sociedade-mais-feliz-924195858.asp

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dica de filme: Estamira

O filme Estamira revela antes de mais nada o respeito à escuta do outro, do diferente, do estranho. Estranho que, entretanto, nos é familiar de alguma forma. Como não admirar - e concordar - com a frase dita por uma doente mental crônica segundo a qual "não existem mais ´inocentes´, mas sim ´espertos ao contrário´ " ?


Em uma cidade, um estado e um país mergulhados num sufocante lixo ético, o "lixão" de Gramacho, nem tão longe da decantada "Cidade Maravilhosa", se transforma numa metáfora deprimente do estado a que chegamos. Com humor que nos atenua as dores intoleráveis, o "Barão de Itararé" assim chamava o "Estado Novo" getulista: o estado a que chegamos. Como chamar o atual estado de coisas a que chegamos?

Não nos iludimos achando que os inúmeros traumas e vicissitudes pelas quais passou a personagem real que dá título ao documentário de Marcos Prado teriam sido "a causa" de sua doença mental. Sua mãe também necessitou de tratamentos psiquiátricos. Uma tendência desfavorável já a acompanhava geneticamente. Mas sua história de vida (que o filme vai desvendando aos poucos), sua especificidade e sua subjetividade - única e irreproduzível - estão inscritas em seus delírios, alucinações e modo de estar no mundo. Nada é gratuito, tudo é revelado, desvelado ou re-escrito na forma de Dona Estamira se apresentar. Seu discurso pode chegar a formular lições de sabedoria, mas, antes de tudo, expõe sua percepção peculiar de si mesma e do mundo em que nos encontramos: delirante e sábia, confusa e cristalina, atordoante e provocadora de reflexão.

Quando o fotógrafo Marcos Prado, ainda no ano 2.000, encontrou Dona Estamira no Lixão que ele fotografava, ela lhe teria dito que tinha uma missão: revelar "a verdade". Perguntou-lhe se sabia qual era a missão dele. Como ele não respondesse logo, ela anunciou: "Sua missão é revelar a minha missão".

Sem se furtar à profecia oracular, Marcos Prado aceitou o papel que a louca do "lixão" lhe apontou. Durante anos seguidos visitou repetidamente Estamira e seus filhos em casa assim como não deixou de ir filmar Estamira e seus companheiros, catadores como ela, no enorme e insalubre depósito de todo o lixo da cidade do Rio de Janeiro. Registrou cenas a cores com a iluminação natural; outras em preto-e-branco granulado quase chegando à desintegração da imagem; outras ainda em exemplar trabalho do fotógrafo que sempre foi. O pathos atingido pela apresentação áudio-visual é impactante, não podendo deixar de ser mencionada a presença apoiadora da exemplar trilha musical de Décio Rocha.

Incrível, no entanto, é constatar que esta é uma primeira obra para cinema. Em seu ritmo envolvente, seu diálogo com a entrevistada e a aproximação que vai fazendo gradualmente com a platéia, o filme é surpreendente em sua sintaxe, elegante em sua gramática, contundente na emoção evidente com a qual foi feito e que transmite em cada passagem.

Não cai na armadilha da idealização ingênua (nem há mais ingênuos, já anunciou o filme logo no início): Estamira pode se mostrar arrogante, verbalmente agressiva, até mesmo desagradável. Mas Marcos permite que ela se faça ouvir. E ao registrá-la faz com que escutemos sua revolta contra um "Deus estuprador" e contra médicos "copiadores" de receitas. Origens e meios são contestados e questionados. Anos depois do próprio cinema, hoje clássico, de Ingmar Bergman questionar o "silêncio de Deus" - e ainda antes do atual Papa tentar deslocar a responsabilidade dos homens para a ausência de Deus durante os horrores do Holocausto - Estamira, o filme e a personagem, denunciam o desamparo humano, não só filogenético ou ontogenético, mas também social, econômico e político. Assim como são questionadas as condições dos hospitais psiquiátricos, dos ambulatórios, dos tratamentos reduzidos à prescrição (ainda que adequada) de medicações potentes que podem até mesmo minimizar os abismos das psicoses, mas onde se corre o risco de deixar de lado a escuta do Outro, da alteridade - tudo isso e muito mais são expostos como um nervo vivo.

E o cineasta, sem proselitismo nem vassalagem, através de uma linguagem cinematográfica grave e comunicativa nos faz refletir muito mais ainda sobre uma realidade que nos parece insuportável de ser vivida, mas aonde a vida surpreendentemente se preserva da única forma que parece possível: louca. Como nos parece ensandecida uma das imagens finais do filme onde, ao longe, se vê o perfil deslumbrante dos morros do Rio de Janeiro, mas em primeiro plano nada mais do que o lixo. Muito lixo.

LUIZ FERNANDO GALLEGO é psicanalista e cinéfilo, curador da mostra 2008 sobre Cinema e Ética no setor Cultural da Escola de Magistratura do Fórum do Rio de Janeiro.

Postado por Por LUIZ FERNANDO GALLEGO em 24/9/2008, às 15:56
http://www.cinemaemcena.com.br/estamira/blog.asp

domingo, 20 de março de 2011

Programa de Atualização para Enfermeiros e Graduandos de Enfermagem

Módulo Assistencial - 48h


Temas abordados:
# SAE na Enfermagem Psiquiátrica
# Registros de enfermagem como fazer e suas implicações legais
# Exame Psíquico
# Dependência Química
# Emergências Clínicas
# Psicofarmacologia para enfermeiros
# Interpretação de Exames para enfermeiros: aplicação na prática psiquiátrica
# Emergências psiquiátricas e contenção mecânica

Datas: 48 Horas de conteúdo dividos em 1 final de semana por mês durante 3 meses

26 de Março (sábado - 8h00 as 17h00)
27 de Março (domingo - 8h00 as 17h00)
16 de Abril (sábado - 8h00 as 17h00)
17 de Abril (domingo - 8h00 as 17h00)
28 de Maio (sábado - 8h00 as 17h00)
29 de Maio (domingo - 8h00 as 17h00)

Investimento:
Taxa de Matrícula: R$ 30,00
Curso: 3 parcelas de R$ 70,00 (Março / Abril / Maio)

Informações:

CP Consultoria e Treinamento
Fone: 11 2601 3608 ou 2865 3286
http://www.enfermagempsiquiatrica.com.br/page_6.html

Psiquiatria Infantil

Temas abordados:
# Desenvolvimento normal da criança e do adolescente
# TDAH
#Autismo

Palestrantes: Psicóloga Patrícia Leme e Enfermeira Cláudia Polubriaginof

Carga horária: 8 horas

Data: 15 de Maio (domingo - 8h00 as 17h00)

Investimento:
R$ 70,00 - Pagamento em Março/11
R$ 80,00 - Pagamento em Abril/11
R$ 90,00 - Pagamento em Maio/11
Informações:

CP Consultoria e Treinamento
Fone: 11 2601 3608 ou 2865 3286
http://www.enfermagempsiquiatrica.com.br/page_6.html

Psicofarmacologia para Enfermeiros

Carga Horária: 32 horas

Temas abordados:

# Introdução à Psicofarmacologia
o Princípios de Fisiologia do Sistema Nervoso Central
o Princípios de Fisiologia do Sistema Nervoso Autônomo
o Neurotransmissores

# Antipsicóticos
o Psicose e Esquizofrenia

# Ansiolíticos e Hipnóticos-sedativos
o Ansiedade e Insônia

# Antidepressivos e Estabilizadores do Humor
o Depressão
o Transtornos Bipolares

# Ampliadores Cognitivos: atenção e memória
o TDAH
o Doença de Alzheimer

# Psicofármacos e o Paciente Idoso

# Psicofarrmacologia da Recompensa e Drogas de Abuso
o Tolerância e Síndrome de Abstinência
o Uso Abusivo de Drogas
o Alucinógenos

Datas: 32 horas de treinamento, sendo 8 horas a cada encontro

14 de Agosto (domingo - 08h00 as 17h00)
28 de Agosto (domingo - 08h00 as 17h00)
11 de Setembro (domingo - 08h00 as 17h00)
25 de Setembro (domingo - 08h00 as 17h00)

Investimento: Taxa de Matrícula: R$ 30,00   Curso: 3X R$ 80,00

Informações:
CP Consultoria e Treinamento
Fone: 11 2601 3608 ou 2865 3286
http://www.enfermagempsiquiatrica.com.br/page_6.html

domingo, 13 de março de 2011

Dica de Blog - Autismo

"Meu Pequeno Vencedor" é um blog que se dedica a relatar as lutas e conquistas do pequeno Elian e todos aqueles que se deparam com a realidade familiar e social do autismo infantil.


MUITO LEGAL!
http://elianvencedor.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de março de 2011

Saúde Mental - Filme "Juntos pela vida"

Passei esse filme para os meus alunos. Legal para falar sobre grupo terapêutico e de auto-ajuda, crise e mecanismos de defesa.

Sinopse

A HBO Films apresenta Queen Latifah (indicada ao Oscar® por Chicago) na empolgante história da jornada de uma mulher à beira da auto-destruição e do desespero, e sua inspiradora luta para reconquistar sua dignidade e sua família. Ana é uma portadora do vírus HIV, ex-drogada do Brooklyn, que luta desesperadamente contra seu passado e para acertar as coisas em sua vida. Para tanto, se envolve com um grupo de voluntários que dão suporte à pessoas como ela. Inspirado em fatos reais, Juntos Pela Vida é um conto tocante sobre amor, perda e perseverança.


Informações Técnicas


Título no Brasil: Juntos Pela Vida
Título Original: Life Support
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 87 minutos
Ano de Lançamento: 2007

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A ética e a psiquiatria brasileira

A reorientação da política de assistência aos portadores de Transtornos Mentais em nosso País (Reforma Psiquiátrica) é o resultado de intensas lutas do movimento social aliado aos profissionais da Saúde Mental brasileiros durante as duas últimas décadas.


Excluídos da felicidade por seus dolorosos padecimentos psíquicos e também pela visível desvantagem social que suportam, esses cidadãos sem voz penavam nos manicômios, sem nenhuma perspectiva.

De 1968, quando ocorreu o surgimento do INPS, até a concepção do SUS em 1988, o Brasil criou e financiou por meio do INAMPS a terceirização da assistência psiquiátrica.

Mediante a contratação de vagas para internação, ‘Clínicas de Repouso’ e hospitais privados proliferaram em todo território nacional, chegando a aproximadamente 100.000 leitos, configurando o que se convencionou chamar de ‘indústria da loucura’.

A reformulação da assistência psiquiátrica foi legitimada por meio da Lei Federal Nº. 10.216/2001 que determina a substituição dos anacrônicos e superlotados hospitais psiquiátricos – redutos de recorrentes e amplamente divulgadas violações aos direitos humanos – por uma rede de serviços humanizados e modernos visando a reabilitação e a reinserção social dessas pessoas.

A desconstrução do imenso parque manicomial (ou diria galeria de horrores) da assistência psiquiátrica brasileira, contrariou interesses, os mais variados, que viram suas instâncias de poder, de lucro ou ambas, despencarem diante do desejo da sociedade e da decisão do Poder Público em conferir dignidade e alternativas aos portadores de Transtornos Mentais.

Esses fatos são determinantes para a compreensão, com pesar, do que estamos presenciando de modo especial nesta última semana, frente a mais uma tentativa de setores da Psiquiatria do nosso País – abrigados na Associação Brasileira de Psiquiatra (ABP) – que buscam confundir a opinião pública mediante ações na Procuradoria Geral da República, na mídia e junto à intelectualidade brasileira.

Após uma década de extenuante trabalho temos hoje um tipo de assistência não mais baseada na internação sem limite com pacientes desnudos vagando em corredores de miséria e promiscuidade.

Hoje temos uma forma de assistência baseada em serviços diversificados articulados, ainda em expansão, compreendendo 1.400 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); 530 Residências Terapêuticas; 862 Ambulatórios de Saúde Mental; 3.200 pacientes egressos de longas internações que são assistidos pelo Programa ‘De Volta pra Casa’; 36.797 leitos para internação em hospitais psiquiátricos sem contar os leitos para internação nos Hospitais Gerais, além de muitas ações como a integração com Universidades para a formação de recursos humanos, a Saúde Mental vinculada às Equipes do Programa de Saúde da Família e a Política de Redução de Danos para Álcool e Drogas.

Além disso, a ABP não pode se dizer excluída das discussões sobre o modelo assistencial na medida em que está presente nos Grupos de Trabalho desenvolvidos pela Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde sobre Autismo; Saúde Mental nos Hospitais Gerais; Comitê assessor de álcool e outras drogas; Estratégias de prevenção ao suicídio e a Reorientação da Residência Médica em Psiquiatria.

Na qualidade de filiado à Associação Brasileira de Psiquiatria não posso ficar omisso, colaborando com o esquecimento nacional, diante das informações deturpadas, verdadeiras falácias, que têm sido veiculadas sob um manto de ‘compaixão’ e ‘verdade científica’.
Se de fato o que se deseja é oferecer ao paciente psiquiátrico o bem estar e oportunidades, indago onde estavam as vozes que hoje se manifestam contra a humanização do modelo assistencial enquanto os pacientes psiquiátricos eram confinados e aviltados em sua decência?

Onde está a Ética?

*Augusto Cesar de Farias Costa: Médico-Psiquiatra; Psicoterapeuta; Vice-Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria Cultural
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2009/04/19/a-etica-a-psiquiatria-brasileira-178609.asp

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pós na UNISA - aos Sábados, quinzenalmente

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Calouros americanos mostram nível recorde de stress

A saúde emocional de um calouro universitário _ que se sente esmurrado pela recessão e estressado pelas pressões do colegial _ caiu ao nível mais baixo em 25 anos, quando teve início uma pesquisa anual feita com novos alunos.


Na pesquisa, chamada "Calouros Americanos: Normas Nacionais Outono de 2010", envolvendo mais de 200 mil novos alunos de quatro cursos de quatro anos em período integral, aumentou o percentual de estudantes classificando a si mesmos como "abaixo da média" no estado de suas mentes.

Enquanto isso, o percentual de estudantes definindo sua saúde emocional como acima da média caiu para 52 por cento, contra 64 por cento em 1985. A cada ano, as mulheres têm uma visão de seu estado mental menos positiva do que os homens, distância essa que se ampliou.

Orientadores do campus dizem que os resultados da pesquisa são as mais novas evidências do que eles veem diariamente em seus escritórios _ alunos deprimidos, enfrentando stress e usando medicamentos psiquiátricos, receitados até mesmo antes de entrarem na faculdade.

A economia só contribuiu para o stress, não só pela pressão financeira sobre os pais, mas também porque os estudantes se preocupam com sua própria dívida universitária e com as possibilidades de emprego quando se formarem. "Isso se encaixa com que estamos vendo", disse Brian Van Brunt, diretor de orientação da Universidade Western Kentucky e presidente da Associação Americana de Orientação Universitária. "Mais estudantes estão chegando ao campus com problemas, precisando de apoio, e os atuais fatores econômicos estão acumulando um grande stress adicional sobre os universitários, enquanto eles buscam empréstimos e imaginam se haverá uma carreira esperando por eles do outro lado".

A pesquisa anual de calouros é considerada a mais abrangente por seu tamanho e longevidade.
Ao mesmo tempo, a questão pedindo que os alunos classifiquem sua saúde mental comparada à dos outros é difícil de avaliar, já que exige uma definição própria de tal quesito e comparação de si mesmo com seus colegas. "A maioria das pessoas provavelmente acha que a saúde emocional significa 'eu estou feliz o tempo todo e me sinto bem comigo mesmo?'. Então a resposta basicamente se relaciona à saúde mental", disse o Dr. Mark Reed, psiquiatra que administra o escritório de orientação do Dartmouth College. "Não acho que os estudantes tenham uma ideia precisa da saúde mental dos outros", acrescentou ele. "Existe muita pressão para fingir que tudo está bem e as pessoas geralmente pensam que são as únicas tendo problemas".

Até certo ponto, o declínio na saúde emocional dos estudantes pode resultar de pressões criadas por eles mesmos.

Com alunos do primeiro ano, embora a avaliação da própria saúde emocional viesse caindo, a classificação de sua iniciativa para atingir o sucesso e de sua habilidade acadêmica subiu _ atingindo uma pico recorde em 2010, com cerca de três quartos se declarando como acima da média.

"Os estudantes sabem que sua geração tende a ser menos bem-sucedida que a de seus pais e por isso sentem mais pressão para crescer do que no passado", disse Jason Ebbeling, diretor de educação residencial na Universidade Southern Oregon. "Hoje em dia, os alunos temem que, mesmo com um diploma universitário, não consigam encontrar um emprego com salário maior que o mínimo. Assim, desde os 15 ou 16 anos eles já estão pensando em fazer um MBA ou doutorado".

Outras descobertas da pesquisa destacam o grau em que a economia está pesando sobre os alunos universitários. "O desemprego paternal está no maior nível desde que começamos a medir", afirmou John Pryor, diretor do Instituto de Pesquisa de Ensino Superior da UCLA, que conduz a pesquisa anual dos calouros. "Mais alunos estão pedindo empréstimos. Estamos vendo o impacto de não se conseguir um emprego de verão e a importância da ajuda financeira sobre qual faculdade eles irão escolher".

"Não sabemos exatamente por que o emocional dos estudantes está em declínio", disse ele. "Mas parece que a economia é uma causa importante".

Para muitos jovens, o stress começa antes da faculdade. Na pesquisa do ano passado, a cota de estudantes que afirmou ter se sentido oprimida por tudo que tinha de fazer no último ano de colegial subiu de 27 para 29 por cento.

O hiato de gênero nessa pergunta foi ainda maior do que com a saúde emocional, com 18 por cento dos homens afirmando terem sentido essa opressão, contra 39 por cento das mulheres. Essa distância de gênero também existe, segundo estudos, nos estudantes que procuram os serviços universitários de saúde mental _ com as mulheres respondendo por 60 por cento ou mais dos clientes. "Meninos são ensinados a não falar de seus sentimentos ou demonstrar stress, enquanto meninas são mais inclinadas a contar que estão com problemas", afirmou Perry C.

Francis, coordenador de orientação da Universidade Eastern Michigan em Ypsilanti. "Os rapazes saem e vão fazer alguma coisa destrutiva ou estúpida, que pode incluir dano a propriedades. As meninas agem de outra forma".

Linda Sax, professora de educação da UCLA e ex-diretora do estudo dos calouros, disse que a diferença entre homens e mulheres quanto ao bem-estar emocional era uma das maiores da pesquisa. "Um aspecto disso é como as mulheres e os homens passam seu tempo de lazer", disse ela. "Homens tendem a encontrar mais tempo para lazer e atividades que aliviam a tensão, como exercícios e esportes.

As mulheres tendem a assumir mais responsabilidades, como um trabalho voluntário ou ajudar a família, o que não alivia o stress". Além disso, Sax estudou o papel do corpo docente sobre a saúde emocional dos estudantes, descobrindo que as interações com os professores eram especialmente destacadas para mulheres.

Interações negativas surtiam maior impacto em sua saúde emocional. "A ideia feminina do bem-estar emocional é mais vinculada ao tratamento que elas sentem por parte dos professores", explicou ela. "Não se trata tanto do nível de contato, mas se elas sentem que estão sendo levadas a sério pelo professor. Caso isso não ocorra, o resultado se mostrou mais prejudicial às mulheres do que as homens".

E acrescentou: "Enquanto os homens que desafiaram as ideias de um professor em classe tiveram um declínio no stress, as mulheres que fizeram o mesmo experimentaram um declínio no bem-estar".

c.
2011 New York Times News Service
http://br.noticias.yahoo.com/s/10022011/84/mundo-calouros-americanos-mostram-nivel-recorde.html&printer=1

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Estudo liga uso de games a depressão, ansiedade e problemas de relacionamento

Pode haver problemas por trás dos olhares fixos da garotada que dedica tempo e energia demais aos videogames. Uma pesquisa feita na Ásia com 3.000 crianças em idade escolar indicou que uma em cada dez era "viciada" em games.

Segundo os pesquisadores, apesar de as crianças já apresentarem problemas comportamentais, o uso excessivo de videogames aparentemente agravou os distúrbios. De acordo com Douglas Gentile, diretor do laboratório de pesquisa de mídia da Universidade do Estado de Iowa, "quando as crianças se viciam, depressão, ansiedade e fobias sociais se agravam".

– Quando elas conseguem superar o vício, esses problemas melhoram.

Ele diz que nem os pais nem os serviços de saúde estão prestando atenção suficiente nos efeitos dos videogames sobre a saúde mental das crianças.

– Tendemos a abordá-los como entretenimento, como apenas um jogo, e a esquecer que o entretenimento também nos afeta. De fato, se não nos afeta, o definimos como "entediante".

No levantamento, as crianças disseram que jogavam videogame, em média, por 20 horas por semana. Entre 9% e 12% dos meninos foram considerados como viciados pela pesquisa, contra 3% a 5% no caso das meninas.

Apesar de os pesquisadores não terem definido um percentual de crianças que sofrem com esses distúrbios mentais, eles encontraram evidências que relacionam o número de horas jogadas a um comportamento impulsivo e problemas de relacionamento social.
Mas um especialista independente afirmou que existem sérios defeitos na pesquisa. Mark Griffiths, diretor do Centro de Pesquisas sobre Games da Universidade Nottingham Trent, no Reino Unido, diz que "pesquisas demonstraram que jogar videogames excessivamente não constitui necessariamente vício e que muitos usuários podem jogar por longos períodos sem que sofram quaisquer efeitos adversos".

– Se 9% das crianças fossem realmente viciadas em videogames, haveria clínicas para o tratamento disso em toda cidade grande.

...Parte do problema, ele diz, é que o novo estudo pode ter medido interesse e não vício.

Copyright Thomson Reuters 2011
http://noticias.r7.com/saude/noticias/estudo-liga-uso-de-games-a-depressao-ansiedade-e-problemas-de-relacionamento-20110117.html

sábado, 15 de janeiro de 2011

Temporada brasileira de Amy Winehouse reabre debate sobre dependência química

Complexa, única, genial. Desde o início da carreira já dava para perceber que Amy Winehouse não usava aquele cabelo à toa. Em sete anos ela vendeu 40 milhões de discos, fez algumas trapalhadas, terminou e voltou algumas vezes com Blake Fielder-Civil, contrariou seu maior sucesso e foi, sim, para uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. Após dois anos sem fazer shows, ela veio recomeçar no Brasil e o público aplaudiu de pé. Mas, ao que tudo indica, a cantora ainda está longe da recuperação. Por quê?

— Mudar é difícil para todos nós. A diferença é que a droga perverte o sistema motivacional (formado por valores e princípios) a ponto de o dependente químico procurar o que o destrói. E o desejo é tão intenso que o dependente vai no impulso, sem pensar duas vezes — explica a psiquiatra Analice Giglioti, chefe do setor de Dependência Química da Santa Casa de Misericórdia do Rio e consultora da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas.


Não é possível analisar a fundo o caso de Amy, mas, em sua passagem pelo Rio, ela foi flagrada tomando champanhe na piscina do hotel e, no primeiro show no Rio, virou uma garrafa de cerveja num gole só: um comportamento incompatível para quem quer se livrar das drogas.


— Por mais que isso seja assunto e parte do glamour de Amy, beber sete garrafas de Veuve Clicquot não é tratar de dependência química — condena.

Vício fez da cantora uma caricatura de si própria

O médico Ronaldo Laranjeira, professor titular de psiquiatria da Universidade de São Paulo (Unifesp), acredita que o meio onde a cantora circula não sinaliza para ela sua própria deterioração:

— Em uma sequência de fotos desde o início da carreira, dá para ver o quanto ela se deteriorou fisicamente, é quase uma caricatura de si mesma — lamenta. — Mas, se os amigos usam drogas e ela pertence a uma rede social que compartilha os mesmos valores, pode não se dar conta.

Diretor da Associação Americana de Psiquiatras, Jorge Jaber lista as quatro áreas alteradas pelo transtorno: raciocínio e memória (o doente muitas vezes não lembra de seguir o tratamento); sentimentos (a pessoa parece insensível, com dificuldade de ver os danos que causa e sem capacidade de estabelecer metas abstêmias a longo prazo); pensamento (que compromete a avaliação da realidade); e comportamento (responsável pela agressividade).

— Esse doente precisa estar em permanente contato com uma cultura de saúde, mas, com a arrogância gerada pela doença, ele tem dificuldade para aceitar o tratamento — explica. — Só que a dependência química é uma doença crônica como o diabetes: não tem cura, tem controle.

Segundo a médica Camila Magalhães Silveira, psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), algumas drogas têm mais poder de dependência que outras: uma em cada oito pessoas que experimenta álcool se torna dependente. Com o crack, associado à Amy (em 2008 o tablóide britânico “The Sun” exibiu um vídeo em que a cantora parecia estar fumando a droga), uma em cada duas ou três pessoas que experimenta fica viciada.

— A droga trabalha no circuito de recompensa do cérebro, então a experiência é lembrada como prazerosa — explica. — Como o efeito é muito forte e efêmero, os dependentes repetem o processo muitas vezes durante o uso e há um desgaste físico e mental muito grande, que tem como consequência irritabilidade e prejuízo de memória.

Lesões cerebrais podem ser permanentes

A pior notícia é que as lesões cerebrais causadas pelas drogas são permanentes e podem alterar as habilidades artísticas, como cantar. A médica cita o psiquiatra Sérgio Nicastri, do Hospital Israelita Albert Einstein, que, através do exame de ressonância magnética funcional, observou o fluxo sanguíneo cerebral em indivíduos que usam cocaína e crack. Danos neuroniais impediram que o sangue chegasse às partes afetadas pelas drogas.

— As lesões são menos importantes que o comportamento porque o cérebro pode compensar as perdas se houver abstinência — pondera Camila. — Mas o paciente tem que saber que o tratamento é constante.

Viviane Nogueira
http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/temporada-brasileira-de-amy-winehouse-reabre-debate-sobre-dependencia-quimica-872611.html