terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Em psiquiatria, é seguro usar o humor com pacientes?

Alguma coisa mudou, desde que os tratamentos começaram?", pergunto ao paciente – ele deitado em uma maca na UTI. O anestesiologista coloca uma linha IV em seu braço e checa seus sinais vitais. Meu chefe psiquiatra ajusta a máquina que fornece os estímulos eletrônicos. Sou residente de psiquiatria, e essa é minha prática de terapia eletroconvulsiva. Estou aqui para observar e aprender.

"Meu celular sempre tem bateria cheia", responde o paciente, sem muita emoção.

Se ele fosse um amigo ou colega, com certeza eu iria rir. Mas ele é um paciente que eu mal conheço. O paciente tem transtorno bipolar, uma tentativa anterior de suicídio e um histórico de comportamento bizarro e impulsivo. Nesse contexto, a piadinha dele parece inapropriada.

Fico desconsertado. Tudo bem se eu rir? -- me pergunto. Como médico residente, com anos de experiência em ser inexperiente, olho rapidamente em volta para analisar o cenário.

A assistente de enfermagem ri e o anestesiologista dá uma grande risada. O chefe psiquiatra permanece de cara fechada e diz: "Podemos ver que ele está melhorando". Quando o anestesiologista injeta um sedativo, um telefone toca. Todos têm as mãos ocupadas; o telefone continua tocando. Antes de o paciente "apagar", ele me olha e diz: "Será que você pode atender? Deve ser o governador telefonando para adiar minha execução".

Um momento depois, ele dorme. O chefe psiquiatra me passa os condutores e eu me sinto levemente desconfortável quando os coloco na cabeça do paciente. As enfermeiras ainda riem enquanto ele começa a entrar em convulsão.

Quando eu era residente no serviço, geralmente brincava com meus pacientes. É assim que eu me relaciono com eles naturalmente, e brincar com cuidado com um paciente amedrontado é uma forma poderosa de gerar sintonia.

Mas quando e deixei os andares de medicina interna para trabalhar na psiquiatria, o humor foi embora. Seguindo conselhos dos médicos chefes, tentei ser mais concreto e direto com pacientes psicóticos, mais empático com pacientes depressivos e mais autoritário em uma sala de emergência movimentada. Desde a adolescência que eu não passo tanto tempo me preocupando com como vou me comportar.

Eu tinha uma idéia vaga de que levar um paciente a rir poderia ser terapêutico. Mas quando é seguro – e útil – brincar com um paciente psiquiátrico? Pelo menos no hospital, os pacientes pareciam ter problemas o bastante em se relacionar comigo sem ter que decodificar a sutileza do humor. Parecia arriscado demais, pronto para gerar desentendimento.

Ainda assim, havia pacientes que insistiam em fazer piadinhas comigo.
Como líder de uma reunião comunitária, pedi aos pacientes e aos membros da equipe do hospital para se apresentarem e dizerem algo sobre si. "Sou uma estagiária de assistente social!", disse alegremente um membro da equipe, seguida de um paciente, que declarou: "Sou um paciente de transtorno bipolar crônico".

Não era isso que eu tinha em mente. Eu imaginei algum tipo de detalhe biográfico, não um recital de títulos e diagnósticos. Fui ficando incomodado quando os pacientes começaram a descrever sua patologia pessoal para o grupo.

Quando comecei a me sentir desconfortável com a situação, um dos pacientes percebeu a tensão. "Sou estudante de enfermagem", ele disse, com ar de autoridade. O próximo paciente, que tinha problemas em lidar com outras pessoas, disse: "Sou o gerente de enfermagem".

Todo o grupo, incluindo eu, caiu na risada. Aquele momento contrastava enormemente com a atmosfera sóbria típica daquela unidade. Não foi a primeira vez que me perguntei se seria apropriado aliviar o tom e começar uma piada.

No final da minha residência, tive a resposta. Eu estava de plantão à 1h da manhã de uma quinta-feira, dando entrada no meu último paciente da noite. Era uma mulher na casa dos 60 anos, trazida pela polícia por comportamento perturbador no prédio dela. Após dar entrada contra sua vontade, ela se escondeu no quarto e se recusou a falar com as enfermeiras.

Quando tentei conversar com ela, a paciente enfiou a cabeça debaixo do travesseiro, exclamando: "Rejeito qualquer assistência psiquiátrica!" Mas por trás daquela recusa, percebi um tom brincalhão na voz dela.
"Tudo bem", eu disse. "Somos bons em cuidar de pessoas que negam assistência psiquiátrica".

Ela riu um pouco.

"A senhora pode me dizer como chegou aqui?". Nenhuma resposta.

Talvez eu devesse tentar algo mais concreto. Considerando a idade da paciente e a história que o residente mais experiente da emergência me contou, percebi que ela poderia ter deficiência cognitiva. "Quem está concorrendo à presidência?", perguntei.

Então tive uma resposta. Três pessoas, ela respondeu, usando um epíteto que não posso repetir aqui.
Quem são eles? Revidei, usando o mesmo epíteto.

"Clinton, Obama e McCain", disse ela, olhando para mim.

"OK, então o que uma pessoa tão boa quanto a senhora faz em um lugar como esse?", perguntei.

De repente, eu havia rompido a barreira. Ela começou a me contar sobre seus delírios paranóicos com o dono do imóvel onde mora e com os vizinhos. Eu me sentei e comecei a escrever.

"Conte mais", pedi.

*Benjamin Brody é médico residente do departamento de Weill Cornell de psiquiatria do New York-Presbyterian Hospital.

Benjamin Brody - 'New York Times'
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL868179-5603,00-EM+PSIQUIATRIA+E+SEGURO+USAR+O+HUMOR+COM+PACIENTES.html

Lítio pode ser o segredo da luta contra o Alzheimer

Aos 65 anos, a aposentada Marilaine da Luz elaborou uma maratona mental diária que envolve navegar pela internet, ler jornais, desafiar palavras cruzadas e espantar a solidão conversando com familiares e amigos. A estratégia de exercitar o cérebro se iniciou há cinco anos, quando dona Ilsa, mãe de Marilaine, hoje com 79 anos, foi diagnosticada com Alzheimer.

Como a maioria das pessoas que têm familiares com a enfermidade, Marilaine teme desenvolver a doença degenerativa, progressiva e incurável.

— Sinto medo e fico estressada só de pensar nessa doença. Já pensou esquecer de tudo? Se tivesse um remédio eficiente para prevenir, eu me atiraria de cabeça nele.

A droga sonhada por Marilaine ainda não existe. Mas talvez esteja próximo de ser encontrada. Uma pesquisa inédita, coordenada pelos professores Wagner Farid Gattaz e Orestes Forlenza, do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) indica que doses de lítio (empregado no tratamento de pacientes com transtorno bipolar) podem prevenir o surgimento da doença.

Com Gattaz e Forlenza à frente, pesquisadores do IPq aplicaram lítio em cerca de 200 voluntários com idade igual ou superior a 65 anos, sem diagnóstico de nenhum tipo de demência, mas que apresentavam transtornos cognitivos leves. Trata-se de um público-alvo de alto risco porque, embora saudáveis, em um ano é provável que entre 10% e 15% dos idosos com esse perfil demonstrem sintomas de Alzheimer. Os resultados obtidos são considerados auspiciosos.

— Dos que usaram lítio, 18% desenvolveram Alzheimer após um ano. Dos que tomaram placebo, o dobro foi diagnosticado com Alzheimer — diz Gattaz, presidente do Conselho Diretor do Instituto de Psiquiatria.
De acordo com o pesquisador, há dois fatores que contribuem para a morte acelerada de neurônios na doença de Alzheimer: a deposição de placas de um peptídeo chamado beta-amiloide, que acarreta a morte neuronal, e a hiperfosforilação da proteína tau, que leva a uma perda de sustentação do esqueleto celular. A enzima GSK contribui para esses dois mecanismos. Assim, supõe Gattaz, a inibição da GSK por meio do lítio pode prevenir as lesões neuropatológicas da doença O trabalho deverá ser publicado nas próximas edições da revista científica British Journal of Psychiatry.

Embora seja um passo importante em direção à prevenção, as perspectivas para o tratamento dos sintomas ou mesmo da cura da doença ainda estão distantes — para desilusão de Marilaine e dos familiares dos cerca de 1,2 milhões portadores de Alzheimer apenas no Brasil. A velocidade e a agressividade com que a doença compromete a capacidade cognitiva impressionam.

— Em três anos, pacientes submetidos a tratamento apresentarão os mesmo sintomas daqueles que não são medicados — afirma a Gattaz.

Alheia aos avanços da medicina, Marilaine dedica-se a ministrar doses diárias de carinho à mãe — o mais eficaz "remédio" descoberto, até hoje, para amenizar o sofrimento dos que vão e a dor dos que ficam.

— Minha mãe fez tudo por nós. Agora, estou retribuindo e fazendo tudo por ela — diz Marilaine, que desfruta de cada detalhe dos momentos de lucidez de dona Ilsa, hoje residindo em uma clínica especializada.

O que é Azheimer

Doença de Alzheimer é um distúrbio cerebral progressivo, que leva à destruição das células do cérebro, à perda de memória e a outras funções cerebrais. A doença geralmente se desenvolve lenta e gradualmente, piora à medida que mais células cerebrais morrem. Em última instância, a doença de Alzheimer é fatal e, atualmente, não existe cura.

Os sintomas

O sintoma inicial mais comum é a dificuldade de lembrar as informações aprendidas recentemente. Com o avanço da doença, surgem sintomas cada vez mais graves como desorientação, alterações de comportamento, confusão sobre eventos, hora e local, suspeitas infundadas sobre a família, amigos e cuidadores profissionais. A perda de memória se acentua e surgem dificuldades para falar, engolir e andar.

As causas

Enquanto os cientistas sabem que a doença de Alzheimer envolve a progressiva falência dos neurônios, a razão pela qual as células a doença se instala ainda não não está clara. Como em outras patologias crônicas, especialistas acreditam que o Alzheimer se desenvolve como um resultado complexo de múltiplos fatores, em vez de uma causa primordial. A idade e a genética têm sido identificados como fatores de risco, mas não os únicos. A descoberta de fatores de risco adicionais deverá ajudar a explicar o porquê de o Alzheimer se desenvolver em algumas pessoas e não outras.

Descobertas recentes

— Pesquisadores identificaram um gene que provavelmente aumenta o risco de Alzheimer de início tardio. O MTHFD1L está no cromossomo 6, e sua alteração foi identificada em 2.269 pessoas com Alzheimer. Indivíduos com mutação nesse gene teriam o dobro de riscos de desenvolver a doença.

— Uma pesquisa publicada no Archives of Neurology, desenvolvida no Medical Center da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), faz uma relação com a dieta. Cientistas descobriram que os participantes adultos que incluíam mais frutos oleaginosos, peixe, aves, frutas e verduras em sua alimentação, diminuindo a quantidade de laticínios gordurosos, carne vermelha e manteiga, apresentavam risco menor de sofrer de demência. O segredo pode estar em nutrientes como ômega 3, vitamina E e ácido fólico.

— Cientistas japoneses publicaram um estudo no periódico online especializado The Faseb Journal, anunciando a descoberta de uma nova ferramenta que poderá revolucionar o diagnóstico da doença. O exame mede o nível da proteína beta- amiloide no fluido espinhal do paciente. Quanto maior a presença da substância, maior a probabilidade de o indivíduo ser portador de Alzheimer.

10 sinais do Alzheimer

1) A perda de memória que perturba a vida diária
2) Desafios no planejamento ou resolver problemas
3) Dificuldade em completar tarefas familiares, no trabalho ou em lazer
4) Confusão com o tempo ou lugar
5) Problemas para compreensão visual
6) Problemas para falar ou escrever
7) Trocar o lugar das coisas
8) Dificuldades para tomar decisão
9) Ausência de atividades sociais
10) Alterações de humor e de personalidade

FONTE: Site alz.org da Associação Nacional de Alzheimer (EUA)
Foto:Robero Vinícius

Carlos Etchichury - carlos.etchichury@zerohora.com.br
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?section=Segundo%20Caderno&newsID=a3151903.xml

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Consultas de psiquiatria na Internet

Um hospital lituano, situado na capital Vilnius, começou a prestar um serviço de consultas de psiquiatria gratuitas através da Internet.

O serviço de consultas on-line ateve início recentemente no Hospital Psiquiátrico de Vilnius e tem como objetivo melhorar a prestação de cuidados por parte dos serviços de saúde mental locais.

De acordo com o Ministério da Saúde da Lituânia o serviço destina-se não só aos pacientes que receberam alta e necessitam de apoio, mas também para os familiares ou amigos de pessoas com problemas tirarem dúvidas sobre como lidar com a situação.

http://www.i-gov.org/index.php?article=14539&visual=2

Brinque com suas crianças para lhes garantir saúde mental

Aprender um hobby ou outra tarefa complexa na infância com a ajuda de um adulto de confiança pode ajudar a proteger as crianças contra o surgimento de transtornos de personalidade mais tarde na vida.

Esta é a conclusão de um estudo publicado na edição deste mês da revista Development and Psychopathology.

Passar tempo com uma criança, lendo para ela, ajudando nos trabalhos escolares ou ensinando-lhes a organizar coisas contribui para promover uma melhor saúde psicológica na idade adulta.

Conexão com as pessoas

"A forte conexão interpessoal e as habilidades sociais que as crianças aprendem ao ter relacionamentos ativos com os adultos melhora o desenvolvimento psicológico positivo", disse o principal autor do estudo, Mark F. Lenzenweger, da Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos.

"Com isso, a criança desenvolve seu próprio sistema de afiliação - sua conexão com o mundo das pessoas. Sem esse sistema, a forma como a criança se conecta com os outros seres humanos pode ser severamente prejudicada. E, como eu descobri, é esse comprometimento que prediz o aparecimento de sintomas dos transtornos de personalidade esquizóide no início da idade adulta e mais tarde," explica Lenzenweger.

Lenzenweger diz que a verdadeira importância de suas descobertas é que elas ressaltam a importância de se envolver ativamente com as crianças durante seus anos de formação - o que é particularmente relevante nesta época de creches, TV, videogames e jogos de realidade virtual na internet.

Genético versus social

As relações interpessoais alimentam uma vontade de se envolver com os outros, que é a base psicológica da experiência humana. Nos indivíduos com transtorno de personalidade essa vontade de manter contato com outras pessoas é marcadamente ausente.

O pesquisador ressalta que o grande foco dos estudos anteriores sobre o tema tem sido a influência genética - seriam as nossas tendências herdadas que ditariam nossas respostas psicológicas e comportamentais para o tipo de situações e o estresse que a vida sempre joga sobre nós.

Mas o novo estudo mostra que a experiência social nos primeiros anos de vida é um forte preditor de um melhor ajustamento na vida adulta.

Agora o pesquisador pretende estudar simultaneamente os dois aspectos - psicológico e genético - para identificar o peso de cada um dos fatores na saúde mental dos adultos.

http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=brincar-criancas-garante-saude-mental&id=5992

Filhos de pais que cometem suicídio também estão em risco de sofrer desordens psiquiátricas

Autora: Barbara Boughton

Crianças com menos de 18 anos cujos pais cometeram suicídio tem 3 vezes mais chances de morrer por suicídio do que aquelas com parentes vivos, de acordo com um estudo coorte retrospectivo conduzido na Suécia.

O estudo foi o maior estudo que examinou os fatores de risco para suicídio e desordens psicológicas entre aqueles que são sobreviventes do suicídio parental, como prole de pais que morrem por doença ou acidentes. Esse resultado indica de que maneira um pai morre e a idade da criança no momento da morte, e esses fatores têm um grande impacto nos resultados psicológicos posteriores.

"O modo de morte dos pais — particularmente o suicídio— bem como o período de desenvolvimento ou idade da prole quando ocorreu o falecimento de um dos pais tinha um impacto a longo prazo nos resultados psicológicos.

Nosso estudo aponta para a importância da conscientização e a necessidade de monitoramento do risco para sintomas psiquiátricos adversos entre crianças que perdem seus pais em razão do suicídio e referindo jovens sobreviventes de suicídio dos pais para tratamento psiquiátrico se necessário,” disse o pesquisador, o Dr.Holly Wilcox, professor assistente epidemiologista psiquiátrico no Johns Hopkins Children’s Center in Baltimore, Maryland.

No estudo, os investigadores comparam suicídios, hospitalizações psiquiátricas e condenações por crimes violentos durante 30 anos em mais de 500.000 crianças suecas, e jovens adultos que perderam um dos pais para o suicídio doença ou acidente.

Esses resultados foram comparados com aqueles de 4 milhões de crianças e jovens adultos com pais vivos.O estudo descobriu que aqueles que perderam seus pais para o suicídio tinham um maior risco de hospitalização para todos os tipos de desordens psiquiátricas a tentativas de suicídio do que a prole de pais vivos (ratio de incidência [IRR], 1,3 – 1,9).

Crianças com menos de 13 anos que perderam os pais para doença não tiveram um risco aumentado para suicídio. Mas todas as crianças que experimentaram a morte de um dos pais tinham mais chances de necessitar de hospitalizações em razão de tentativas de suicídio, depressão, droga e uso de álcool, psicose, e desordens de personalidade do que a prole de parentes vivos (IRRs variando de 1.3 a 1,9 até a idade de 25 anos).

Os pesquisadores concluíram que o risco para suicídio e desordens psicológicas foi maior entre aqueles que experimentaram suicídio dos pais na infância ou adolescência. Aqueles que perderam seus pais para o suicídio como jovens adultos, não tinham um risco aumentado para o suicídio se comparados com aqueles que tinham pais vivos (IRR, 1,3; 95% e intervalo de confiança, 0,9 – 1,9).

Prole que perdeu um dos pais para o suicídio durante a infância também tinha mais chances de experimentar o uso de drogas e desordens psicóticas do que aqueles que perderam um dos pais para o suicídio durante o início da vida adulta (interação P = 0,04 e P = 0,04).

Apesar de aqueles que experimentaram a morte de um pai com menos de 26 anos tiveram um maior risco de ter convicções criminais violentas do que aqueles com parentes vivos (IRR, 1,2 – 1,6), o modo da morte não parecia fazer muita diferença se a prole estava convicta de um crime violento.

"Nós esperamos achar que os sobreviventes de suicídio tiveram um risco aumentado para convicções criminais violentas," disse o Dr. Wilcox. Esse resultado pode sugerir que os traços agressivos e impulsivos são menos ligados fortemente ao suicídio do que pesquisa anterior sugeriu apesar de convicções clínicas violentas são apenas uma medida de tais traços, ele adicionou.

Apesar de os resultados do estudo ser impressionantes, o Dr. Wilcox chama atenção para o fato que a taxa de suicídios completos em sobreviventes ainda é baixa — cerca de 3%. "Suicídio é um resultado bastante raro ate mesmo nessa população de risco," ela disse.

"O tamanho do estudo é tão substancial que os investigadores foram capazes de demonstrar alguns achados muito cruciais sobre a prole de um pai que comete o suicídio," comentou Matthew Biel, professor assistente e diretor de psiquiatria de crianças e adolescentes no Georgetown University Hospital, Washington, DC.

"O estudo dá forte evidência que o suicídio dos pais é um fator muito importante na saúde mental a longo prazo da prole, e os esforços necessitam ser realizados para identificar as intervenções mais efetivas que irão suportar o ajuste e o desenvolvimento a longo prazo de crianças e adolescentes com pais que cometeram suicídio,” ele disse.

O estudo teve algumas limitações importantes, contudo. Como foi conduzida na Suécia, que tem o tratamento de saúde universal e onde os níveis de renda são altos comparados com aqueles em outros países, os achados podem não se aplicar a outras populações, disse o Dr. Wilcox.
Como os pesquisadores usaram dados registrados, eles apenas incluíram resultados de pacientes tratados em cenários hospitalares, e eles também excluíram pacientes com hospitalizações psiquiátricas anteriores.

"Essas limitações podem ser resultantes de uma estimativa de risco mais conservativa do que é realmente o caso," comentou a Dra. Manpreet Kaur Singh, professora assistente de psiquiatria no Department of Psychiatry and Behavioral Sciences na Stanford University School of Medicine na California.

Dr. Singh notou que poucos estudos olharam para a efetividade das intervenções para risco de suicídio entre as crianças de pais que cometeram suicídio. “Nós não tempos evidencia que uma intervenção cedo possa funcionar, mas intuitivamente é algo que pensamos que irá pagar dividendos para essas crianças," ela disse.

Tais intervenções incluem base individual ou aconselhamento familiar para ajudar crianças através do processo de luto e a avaliação sendo realizada para doenças psiquiátricas. "Em crianças, os primeiros sintomas de estar em risco para a doença psiquiátrica são declínios na função — na escola, em relacionamentos aos pares, ou relações de família" ela disse.

"Quando você vê um lapso no funcionamento, você tem que engajar a família em uma conversação sobre os riscos e benefícios do tratamento, "adicionou a Dra. Singh.

J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2010;49:514-523.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Material - CAPS

Material interessante do Ministério da Saúde, ano 2004

Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial

Abaixo o sumário do material contindo no link acima:

Os CAPS na Rede de Atenção à Saúde Mental


Quando surgem os CAPS?

O que é o SUS?

O que é um CAPS?

Quem pode ser atendido nos CAPS?

Como se faz para ser atendido nos CAPS?

O que os usuários e seus familiares podem esperar do tratamento nos CAPS?

Quais atividades terapêuticas o CAPS pode oferecer?

Quais os dias e horários de funcionamento dos CAPS?

Como é feita a distribuição de medicamentos para os usuários?

O que são oficinas terapêuticas?

Quais as outras atividades que um CAPS pode realizar?

Todos os CAPS são iguais?

Como é um CAPS para Infância e Adolescência (CAPSi)?

Como é um CAPS para cuidar de usuários de Álcool e outras Drogas (CAPSad)?

Como o CAPSad pode atuar de forma preventiva?

Qual a relação dos CAPS com a rede básica de saúde?

Quais as pessoas que trabalham nos CAPS?

De que forma os usuários podem contribuir com o funcionamento dos CAPS?

De que forma os familiares podem participar das atividades dos CAPS?

De que forma a comunidade em geral pode participar dos CAPS?

Caps devem ser alternativa aos hospitais psiquiátricos

Mais de 23 milhões de brasileiros sofrem algum transtorno mental – 12% da população. Com a Reforma Psiquiátrica Brasileira, a redução do número de leitos em hospitais psiquiátricos vem substituindo o sistema de internação pela reintegração social, por meio do atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
De acordo o Ministério da Saúde (MS), a Bahia tem o maior número de unidades do tipo I (109). No entanto, o sistema ainda não atingiu o padrão aceitável para os usuários. As unidades dos Caps fazem o atendimento ambulatorial em três níveis de complexidade (I, II e III), recebendo o paciente sem interná-lo, o que permite a autonomia e o retorno ao convívio social.

Para Mário Aleluia, um dos fundadores da Associação Metamorfose Ambulante (Amea), voltada para a luta antimanicomial, é difícil garantir políticas públicas para a saúde mental em Salvador: “São três hospitais psiquiátricos para atendimento emergencial, mais os Caps. Numa cidade como a nossa, precisamos de, pelo menos, cinco unidades do Caps III, para casos mais graves”.

Quem passa pela dificuldade de atendimento, como José Raimundo dos Santos, 42, que tem transtorno bipolar e esquizofrenia, reconhece a melhoria com a chegada dos Caps, mas ainda vê problemas: “Com a implantação dos Caps, a situação melhorou em 20%. Mas, aqui na Bahia, ainda não funciona tão bem quanto em São Paulo, Sergipe e Minas Gerais”, diz ele.

Problemas - Conforme o Programa de Saúde Mental da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), a Bahia tem 170 Caps. Alguns enfrentam problemas estruturais, como a situação ruim denunciada em Ilhéus (a 433 km da capital) em outubro.

Nos hospitais da capital – Juliano Moreira, Mário de Leal e Sanatório São Paulo –, há 1.080 leitos. De oito anos para cá, 54% foram eliminados. O coordenador do programa da Sesab, psiquiatra Iordan Gurgel, diz que “a proposta é adequar o modelo baiano à reforma".

Clarissa Pacheco/Agência A TARDE
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5646368

Município de Caracol é processado por morte de paciente que caiu de ambulância

O município de Caracol virou alvo de ação judicial e pode ser responsabilizado pela morte de Ramão Gertrudi Rodrigues, 27 anos, que caiu da ambulância que o transportava no dia 28 de outubro, com destino a Campo Grande, onde faria tratamento de saúde mental.

O pai da vítima, Bonifácio Rodrigues, pede reparação por danos morais, pagamento das despesas funerárias e a restituição imediata para a família do benefício de prestação continuada que Ramão recebia do INSS.

A ação foi recebida pelo juiz da comarca de Bela Vista, Caio Márcio de Brito. A defesa sustenta que o transporte do paciente ocorreu de maneira irregular, pois um laudo da perícia técnica apontou que a porta traseira da ambulância podia ser aberta por dentro.

Outro fato que, segundo o advogado da família, ajudaria a evidenciar a responsabilidade do município no caso, é a ausência de um profissional de saúde acompanhando o traslado do paciente até Campo Grande.

A portaria nº 2.048 do Ministério da Saúde, que regulamenta o transporte em ambulâncias, estabelece que a tripulação seja composta por um motorista e um técnico ou auxiliar de enfermagem. Mas, segundo a Polícia Rodoviária Federal, que atendeu a ocorrência no distrito de Boqueirão (BR-060, em Jardim), Ramão era acompanhado apenas da irmã, Assunção Rodrigues, e do motorista.

Há vários anos Ramão era paciente psiquiátrico em Caracol, tendo sido atendido diversas vezes na rede básica de saúde do município. Ele foi removido para Campo Grande depois de sofrer um surto, e apresentava sintomas de esquizofrenia. O paciente deveria ter sido sedado e contido na maca, mas isso não ocorreu.

A família, de origem humilde, alega que Ramão era beneficiário da assistência social do INSS, e a renda ajudava no sustento do lar. A legislação diz que o benefício é intransferível e deixa de ser pago com a morte do beneficiário, mas o pai de Ramão quer que o município de Caracol recomponha a renda familiar por meio da assistência social da prefeitura.

Hélder Rafael
http://www.midiamax.com/noticias/732004-municipio+caracol+processado+morte+paciente+caiu+ambulancia.html